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Frases de Chico Xavier, usando o nome do fictício André Luiz, sobre problemas humanos

(Autor: Professor Caviar)

Vamos agora a um "pensamento" que o "médium" Francisco Cândido Xavier lançou sob o nome do fictício André Luiz - "médico" do qual os "espíritas" já se digladiaram para saber quem teria sido ele na última encarnação - , sobre os problemas humanos. Elas foram publicadas num meme da página do "Correio Espírita" nas redes sociais, em razão da virada de ano.

Como em todo escrito ou depoimento de Chico Xavier, trata-se de mais uma pregação da Teologia do Sofrimento, corrente medieval da Igreja Católica, que, pelo jeito, é muito bem vinda pelos brasileiros voltados ao "espiritismo" ou em alguma outra crença "espiritualista". Vamos ao trecho, publicado num livro chamado Coragem, de 1971 - ano em que Chico Xavier declarou seu amor à ditadura militar, achando que os generais, o DOI-CODI e o AI-5 estavam construindo um "reino de amor", abrindo caminho para a tal "pátria do Evangelho" - , um livro que mais parece sobre covardia do que sobre coragem.

"Não espere viver sem problemas, de vez que problemas são ingredientes de evolução, necessários ao caminho de todos. Não perca tempo e serenidade, perante as prováveis decepções da estrada, porquanto aqueles que supõem decepcionar-nos estão decepcionando a si mesmos. Não exija perfeição nos outros e nem mesmo em você, mas procure melhorar-se quanto possível. Lembre-se de que você é um espírito eterno e se você se dispõe da paz na consciência, estará sempre inatingível a qualquer injuria ou perturbação".

Falar é fácil. Claro, pedir para os outros se acalmarem no pior sofrimento é muito fácil para quem vive do conforto da comercialização das palavras, do prestígio religioso e dos privilégios sociais obtidos através do marketing da fé e da caridade paliativa. O "pensamento" requer reflexão, sim, mas não a nós mesmos, mas aos problemas que existem neste fragmento do acovardado livro do fictício André Luiz, o mesmo que protagonizou o materialismo além-túmulo do imaginário Nosso Lar.

Sim, muita gente acaba nos decepcionando. A começar por Chico Xavier, Divaldo Franco e outros que se autoproclamam "divindades na Terra" quando estão associados apenas a apelos emocionais muito piegas e adocicados. Quando surgem pontos sombrios de suas carreiras, eles decepcionam, embora os fanáticos, deslumbrados e complacentes insistam em tapar o sol com a peneira, tentando fazer crer que as traições que os "médiuns" cometem foram feitas por decisões alheias, sobretudo de espíritos traiçoeiros, como se a aceitação desses maus conselhos não sugerisse qualquer responsabilidade.

As pessoas custam a se sentir decepcionadas pelos "médiuns" e resistem à constatação de que foram traídas por eles. Chegam mesmo a lhes inocentar de culpa, algo que se recusam a fazer quando parentes, amigos de infância, cônjuges ou filhos cometem alguma traição, pois neste caso a reação chega ao nível da raiva, do ódio e, em certos casos, à vingança.

Mas, quanto aos "médiuns", a decepção vêm no além-túmulo. É uma questão de troca de primeira letra, "recepção" por "decepção". A tão esperada recepção, com corais de anjos, autoridades celestiais ou planetárias, concessão de prêmios e medalhas, Jesus de Nazaré deixando seus compromissos para receber o "médium" brasileiro que retornar à "pátria espiritual" etc, tudo isso cai por terra - ou por céu - quando o "médium" brasileiro que se tornou o "espírito de luz" pelas paixões religiosas terrenas se vê reconhecido como um ordinário e, não raro, mesquinho explorador da fé coletiva.

Quanto a exigir perfeição, é um cinismo que os "espíritas" desaconselhem isso. Eles legislam em causa própria, e querem que os aceitemos na forma deturpada, na desfiguração dos ensinamentos da Codificação, na resignação com os conceitos igrejeiros feitos ao arrepio dos ensinamentos espíritas originais e de uma falsa mediunidade feita ao arrepio da Ciência Espírita.

Querem os "espíritas" brasileiros que não lhes cobremos a comprovação da fidelidade doutrinária que tão mentirosamente eles dizem ter, e, por isso, apelam para pedir "indulgência aos imperfeitos", "condescendência aos falhos", porque não se trata, realmente, de ser piedoso com alguém que comete erros de menor gravidade, mas de aceitar o "espiritismo" brasileiro na forma bagunçada e desonesta que está.

Quanto a manter paz na consciência diante da injúria, isso também é fácil, quando não é o pregador "espírita" que enfrenta infortúnios como o assassinato de reputações, a truculência moral que se vê nas redes sociais. Muitos indivíduos de caráter, por pequeninas discórdias nos fóruns de Internet, se tornam vítimas de páginas ofensivas, de ameaças até mesmo de âmbito presencial, quando os algozes rondam as áreas onde moram as vítimas para lhes ameaçarem, intimidarem e, finalmente, realizar suas represálias, e não há como sentir paz e serenidade com isso.

Em situações assim, não há como manter a paz na consciência, porque, afinal, o que é a paz na consciência quando o outro ignora o caráter de alguém e humilha e agride de forma impiedosa? O que é a serenidade quando a reputação está em risco não porque o digno se tornou indigno, mas porque ele é humilhado com gozações, paródias, ameaças, xingações etc, por outro que se impõe como o dono da verdade ou o senhor de seus privilégios. 

Um artigo como este só serve para mera pregação religiosa, sem qualquer utilidade prática. Quando a pessoa realmente sofre ou tem sérios problemas, ela já sabe previamente disso, ninguém precisa mandar textos "bonitinhos" pedindo para aguentar a barra etc, porque quem está em dificuldade talvez tenha condições para obter suas próprias soluções. 

Em muitos casos, os pregadores do sofrimento humano só irritam os sofredores, porque dizer para "aguentar a barra" se torna um apelo muito chato e irritante para quem está tentando resolver alguma coisa por si só. Quando o outro banca o pretenso conselheiro, tudo o que este consegue é irritar o sofredor, diante de tantos apelos desnecessários para suportar dificuldades que o sofredor já tem previamente noção de como irá enfrentá-las.

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