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Chico Xavier não morreu pobre

(Autor: Professor Caviar)

Algo tem que ser devidamente esclarecido aos brasileiros e a parte dos cidadãos do mundo que estejam a par do mito. Do contrário que muitos acreditam com muita convicção, o "médium" Francisco Cândido Xavier NÃO morreu pobre.

Chico Xavier pode ter ficado doente, ter o físico frágil durante anos, e viver deitado na cama, de repouso. Acredita-se que o "médium" não colaborava em boa parte dos livros lançados nos anos 1980 e 1990, apenas dando pequenas contribuições de textos e emprestando o nome para obras que, em verdade, teriam sido feitas por equipes editoriais.

Todavia, ele não morreu pobre. Nunca houve reportagens mostrando Chico Xavier vivendo em situações de abandono, desconforto, decadência sócio-econômica e desolação, como viveram e vivem os verdadeiros pobres. Até quando foi internado, ele não recorreu senão a um bom hospital em Uberaba, não foi deixado deitado no chão no corredor de um hospital público superlotado, como acontece com os pobres de verdade, no contexto do Brasil de hoje.

É irônico que pessoas aparentemente mais abastadas que o "médium", como o músico de Bossa Nova Lúcio Alves, a vedete Wilza Carla e o intelectual Luiz Carlos Maciel, tiveram situações de pobreza, com reportagens mostrando eles em situações de abandono e desolação.

No entanto, no caso de Chico Xavier, nenhum relato nesse sentido se tem conhecimento. Pelo contrário. Ele vivia no conforto razoável, e, como um astro pop da religião, outras pessoas é que pagavam as contas para ele. Chico tinha até um administrador de sua carreira, o filho adotivo Eurípedes Higino. Em outros tempos, o presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, atuava como uma espécie de "empresário" do "médium".

É só comparar o que ocorre com as celebridades ou subcelebridades, que em muitos casos não tocam em dinheiro, tendo outras pessoas, como assessores, office-boys e outros colaboradores, para pagar as contas e comprar coisas para os famosos. Chico Xavier estava nessa categoria, ele em verdade vivia como se fosse um aristocrata da realeza britânica, só que com o aparato de simplicidade do qual costumam usar, para sugerir pretensa modéstia, todo "espírita" brasileiro.

CHICO XAVIER OFENDEU AS PESSOAS HUMILDES

Chico Xavier era até aristocrático demais para os padrões de "pessoa humilde". O "médium" tem histórico de também fazer comentários ou juízos de valor contra outras pessoas humildes. Dois exemplos mostram claramente isso, comprovando que o tão festejado "símbolo maior da humildade humana" de vez em quando humilhava pessoas que, em verdade, foram ou são mais humildes do que ele.

Usando o nome de "Irmão X" que, entre seus pares, é como se continuasse usando o nome de Humberto de Campos, há décadas sem estar aí para reclamar de tal humilhação, Chico Xavier, no livro Cartas & Crônicas, de 1966, despejou um juízo de valor dos mais cruéis, atribuindo, aos humildes frequentadores de um circo em Niterói destruído por um incêndio criminoso, suposta encarnação alegada na base do "achismo" e ao arrepio da Ciência Espírita que, sabemos, nunca foi o forte do "médium", que sempre havia sido um católico ortodoxo. Vejamos um trecho:

"Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.

Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo".

Dupla crueldade. Se valendo de lembrar encarnações possivelmente superadas, fazendo juízo de valor de forma generalizada e à revelia da Ciência Espírita, Xavier ofendeu pessoas humildes, acusando-as de terem sido uma multidão sanguinária na Gália do Século II da nossa era, atribuindo aos pobres coitados que enfrentaram a tragédia, mesmo aqueles que sobreviveram, mas mantiveram o trauma da dramática ocorrência, uma acusação tão perversa e tão humilhante. 

Além disso, a crueldade de Chico Xavier se valeu também contra Humberto de Campos, alvo da revanche do "médium" depois que o autor maranhense escreveu um artigo irônico sobre Parnaso de Além-Túmulo. Produzindo textos que quase nunca lembram o estilo pessoal de Campos, o "médium" cometia sua vingança virando "dono de Humberto de Campos", consolidando um precedente já trazido pelo referido livro poético, criando uma situação insólita dos "médiuns" que se tornam "donos dos mortos", uma leviandade que vai contra os ensinamentos originais da Doutrina Espírita.

Outro momento em que o "símbolo máximo de humildade humana" esculhambou as pessoas humildes foi num programa de televisão, o Pinga Fogo da TV Tupi de São Paulo, que no final de julho de 1971 foi transmitido para milhares de pessoas. O programa foi digitalizado e hoje está disponível no YouTube. O ataque de Chico Xavier às pessoas humildes se deu quando o "médium", defendendo a ditadura militar, despejou o seguinte comentário:

""Temos que convir (...) que os militares, em 3l de março de 1964, só deram o golpe para tomar o Poder Federal, atendendo a um apelo veemente, dramático, das famílias católicas brasileiras, tendo à frente os cardeais e os bispos. E, na verdade, com justa razão, ou melhor, com grande dose de patriotismo, porque o governo do Presidente João Goulart, de tendência francamente esquerdista, deixou instalar-se aqui no Brasil um verdadeiro caos, não só nos campos, onde as ligas camponesas, desrespeitando o direito sagrado da propriedade, invadiam e tomavam à força as fazendas do interior. Da mesma forma os “sem teto”, apoderavam-se das casas e edifícios desocupados, como, infelizmente, ainda se faz  hoje em dia, e ali ficavam, por tempo indeterminado. Faziam isto dirigidos e orientados pelos comunistas, que, tomando como exemplo a União Soviética e o Regime Cubano de Fidel Castro, queriam também criar aqui em nossa pátria a República do Proletariado, formada pelos trabalhadores dos campos e das cidades".

É assustador que uma considerável parcela dos esquerdistas no Brasil dê alguma consideração a um Chico Xavier que os condenou e reprovou como pessoas "desprovidas de sentimentos cristãos". O "médium" esculhambou João Goulart, cujo perfil de governo se assemelhou ao ex-presidente Lula, décadas depois, e o próprio "médium", em 1989, preferiu Fernando Collor ao operário de origem pernambucana.

Dá muita pena ver um Ribamar Fonseca usar as páginas do Brasil 247 para fazer adoração a um Chico Xavier que sempre foi de direita e, que se vivo estivesse, estaria sendo o guardião de Aécio Neves, sua alma gêmea, e não se sabe por que cargas d'água os esquerdistas adoram o "médium" e o consideram "progressista". Talvez porque esquerdista vê novelas demais, e a visão de "humildade" de Chico Xavier, uma falácia muito bem construída pela Rede Globo sob inspiração do inglês Malcolm Muggeridge a respeito de Madre Teresa de Calcutá, tenha impressionado demais os ingênuos paladinos das causas progressistas.

Não bastasse o seu direitismo, o "médium" cometeu uma perversidade maior: no seu reacionarismo, o "bondoso médium" condenou as organizações sociais das classes trabalhadoras, pessoas mais humildes que Chico Xavier, que enfrentam uma realidade de baixa escolaridade, baixos salários, trabalhos indignos com risco de acidentes - o próprio Lula perdeu um dedo da mão esquerda num acidente de trabalho - , e, provavelmente, segundo a visão do "bondoso médium", esses trabalhadores, sejam operários e camponeses, deveriam ficar calados em prece, e levar suas vidas indignas em frente, não se sabe quando.

Xavier ainda esculhambou os sem-teto, que, no desespero deles, ocupam prédios vazios, em busca de um abrigo que lhes é disponível. E esculhambou os sem-terras, expulsos de suas fazendas pelo avanço tecnológico, por protestarem invadindo fazendas improdutivas. Para Chico Xavier, essas pessoas são indignas e responsáveis pelo caos, 

E depois o "misericordioso médium" queria se projetar como "símbolo da caridade" dando só umas roupas velhas e uns cobertores mofados para moradores de ruas, desde que eles cumpram o papel deles de aceitar a degradação das ruas sujas e doentias, sob o contato de doenças e contaminações diversas e sob a ameaça constante da violência pois, não raro, pistoleiros matam os sem-teto sob a desculpa de "limpar as ruas".

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