Pular para o conteúdo principal

O traiçoeiro apelo emotivo dos "espíritas"

(Autor: Professor Caviar)

Por que a deturpação do Espiritismo deu tão certo no Brasil? Por que, por mais que se esforce em recuperarmos de algum modo a pureza doutrinária dos postulados kardecianos originais, nunca nos livramos dos caprichos igrejeiros? Por que a deturpação chegou ao ponto do "espiritismo" brasileiro, mesmo deturpado e conservador, cooptar até mesmo setores das esquerdas e do ateísmo? E os "médiuns", por que eles atingiram, praticamente de graça, a imagem divinizada que nem seus graves erros conseguem dissolver?

O "espiritismo" atingiu níveis surreais de blindagem e imunidade, que fazem com que até os críticos da deturpação espírita tremam de medo diante da contestação do mérito dos "médiuns". É o mesmo papo: "É... é verdade que... glup!... É verdade que eles seguem conceitos contrários ao pensamento de Kardec, mas vejamos bem, os médiuns fazem caridade... Bem... Eles ajudaram muita gente (sic)!... Acho que dá para aproveitar alguma coisa deles se for o caso de recuperação da doutrina original".

Sabemos que os "médiuns" não são essa preciosidade toda de que falam. Até a caridade deles é duvidosa, mero Assistencialismo feito para promoção pessoal dos mesmos. Se essa caridade ajudasse, o Brasil estaria no Primeiro Mundo há muitíssimo tempo, tamanha é a pretensão de grandeza que os "médiuns" tanto dizem ter.

Mas é preocupante que eles tenham tanta imunidade, são muito mais blindados que os políticos do PSDB e nem mesmo as esquerdas conseguem contestá-los com firmeza e coragem. E sabemos que o que faz os "médiuns" deturpadores do legado espírita original, rebaixando a herança de Kardec a um sub-Catolicismo de valores medievais, é um repertório de sucessivos apelos emocionais, como aquelas paisagens de Teletubbies e outras ilustrações usadas num sentido puramente piegas para ilustrar as frases sem graça dos "médiuns espíritas".

As pessoas são seduzidas por esse apelo emocional exagerado, marcado por melodias doces demais e muitíssimo piegas, apelos pretensamente belos que, de tão ostensivos, soam cafonas, e imagens feitas para forçar a comoção pública, como paisagens floridas, céus azuis e crianças sorridentes ou tristes. São apelos linguísticos, muitas vezes hipócritas, mas que possuem uma carga emotiva suficiente para dominar a pessoa e desarmar o contestador do "espiritismo", pouco prevenido de suas sutilezas ardilosas.

O PRÓPRIO ALLAN KARDEC ADVERTIU

Para quem acha que criticar o "espiritismo" brasileiro e seus "médiuns" é um ato de intolerância religiosa, o que é um equívoco pois se trata da religião mais tolerada do Brasil, vamos nos lembrar de Allan Kardec, que em várias de suas obras sempre apelava para os riscos dos inimigos internos do Espiritismo se servirem de uma série de apelos emocionais dos mais intensos para forçar a opinião pública a seguir as ideias igrejistas e mistificadoras deles.

As pessoas estão apegadas doentiamente aos "médiuns", de forma que se inverte até o alerta de Erasto em mensagem publicada em O Livro dos Médiuns: em vez de "melhor que caia um do que caia uma multidão", prefere-se que "se caia todo o povo brasileiro do que cair um único 'médium'".

Os apelos emocionais travam a razão. A veiculação de ideias aparentemente associadas ao "amor", à "caridade" e à "fraternidade" dominam as pessoas, como um perigoso assédio feito por aqueles que querem inserir valores moralistas e ultraconservadores, originários do Catolicismo medieval. É como se um "médium" dissesse às suas vítimas: "Eu falo de amor, você vai apontar alguma coisa contra mim?".

Kardec falava de dois tipos perigosos de obsessão, que se tornam os maiores apelos que os "médiuns" investem para dominar as pessoas e minimizar qualquer questionamento. Um é a "fascinação obsessiva", mais doce e que, aparentemente, deixa as pessoas com a lucidez e a consciência plenas de seus atos e decisões. Outro é a "subjugação", bem mais cruel, porque escraviza os sentidos e faz com que as pessoas tenham medo de mover um dedo sequer contra os "médiuns", mesmo quando eles cometem erros comprovadamente graves e até crimes (como pintar quadros falsos e criar literatura fake atribuída a um autor já morto).

Geralmente são os adeptos do "espiritismo", que frequentam as "casas espíritas" ou acompanham seus eventos - ainda que seja, por exemplo, uma entrevista com Divaldo Franco num canal de TV por assinatura - , que são tomados de "fascinação obsessiva", carregada por um repertório alucinógeno de paisagens primaveris, céus ensolarados, crianças sorridentes e todo um apelo fortemente emotivo que desnorteia as pessoas, como um canto de sereia de assustadora beleza.

AD PASSIONES

O Brasil não consegue identificar certas armadilhas porque elas trazem como apelos elementos que supostamente estimulam a solidariedade e a simplicidade em pessoas que são incapazes de serem solidárias e simples por conta própria.

Uma delas é o Argumentum Ad Passiones, ou Ad Passiones, conhecido também como "apelo à emoção". Especialistas em linguagem e no processo de manipulação da mente humana definem o Ad Passiones como uma falácia, que é o uso de técnicas de convencimento que fazem uma mentira ser considerada "verdade indiscutível".

Há muitos tipos de Ad Passiones, mas o mais perigoso, usado por Chico Xavier em toda sua obra, mas especialmente em 1957, durante o assédio religioso dado ao homônimo filho do escritor Humberto de Campos, é o "bombardeio de amor".

O "bombardeio de amor" - love bombing, em inglês - consiste numa série de apelos emocionais mais fortes, como o acolhimento exageradamente fraternal em casas religiosas, a apresentação de imagens e sons que estimulam a comoção extrema, como paisagens floridas, crianças sorridentes e melodias relaxantes e dóceis, que dominam as pessoas a ponto de fazê-las chorar ou reagir com extrema alegria.

A maioria dos brasileiros ignora que a overdose de emotividade pode esconder seu nível nocivo e traiçoeiro. O traiçoeiro apelo emotivo das paisagens floridas, do céu azul, das crianças sorridentes, dos vídeos apresentando peixinhos coloridos no fundo do mar, das pessoas falando na "paz entre irmãos", nas músicas acústicas de vozes doces, como se fossem acalantos para gente grande, tudo isso é feito para arrancar apoio, o mais submisso possível, à deturpação do Espiritismo.

Muitos eventos "espíritas" realizados no Brasil não trazem sequer um único esclarecimento sobre o que é mesmo a doutrina kardeciana. Pelo contrário, se aproveitam de certos aparatos para veicular apenas palestras de auto-ajuda tão simplórias quanto as convencionais, e "encher linguiça" com números musicais, com corais de crianças e apresentações acústicas.

Além disso, as paisagens floridas e céus ensolarados servem como um falso tempero para frases de mero igrejismo moralista, como as que se vê em Chico Xavier, frases sem graça que nunca passaram de um jogo barato de palavras com sentido contrastante. Elas nem de longe expressam sabedoria, e também não refletem o pensamento espírita original, mas o apelo das flores faz com que as pessoas vejam beleza onde não tem. A embalagem acaba falando mais do que o conteúdo.

Esses apelos emotivos entretém as pessoas, atrofiando a razão e o discernimento, criando um domínio por parte dos "médiuns espíritas" que se torna difícil de desfazer, a não ser que as pessoas reconheçam que overdose de coisas lindas também pode fazer mal, tal qual muitas pessoas de belíssima aparência que se mostram pessoas fúteis e até perigosas. 

Quando há uma overdose de apelos emocionais intensos, é bom desconfiar. Lembremos do ditado popular "é bom demais para ser verdade", quando vemos todo um excesso de apelos emotivos diversos ou quando, nas "casas espíritas", as pessoas acolhem com uma hospitalidade que nem as melhores famílias chegam a apresentar. Outro ditado vêm à tona, para pôr um xeque às paixões religiosas que blindam os "espíritas": "Quando a esmola é muita, o santo desconfia".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um