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Olhe só quem fala!! Deturpador, Chico Xavier criticou o Catolicismo!!

(Autor: Professor Caviar)

Analisar as frases de Francisco Cândido Xavier, sem estar coberto pelo véu macio das paixões religiosas e da fascinação obsessiva, revela um grande rol de incoerências, inconsistências, rigores moralistas e tantas aberrações e pontos sombrios que desqualificam o "médium" como suposto símbolo de humanismo e caridade.

Em muitos casos, as frases revelam completa e profunda hipocrisia por parte do próprio Chico Xavier, e que sem dúvida alguma o desqualifica como líder em qualquer hipótese e anula de vez seu mérito em ser um representante digno da Doutrina Espírita, na medida em que adota frases e procedimentos que vão contra a ética, a lógica, a coerência e o bom senso.

Vejamos então esta frase que Chico Xavier certa vez lançou sobre o Catolicismo, algo que revela sua grave hipocrisia, pois se trata de um sério deturpador do Espiritismo que critica os desvios do Catolicismo, e tão logo o medieval, que é a base do próprio "espiritismo" brasileiro representado muito bem pelo próprio "médium":

"O Catolicismo que, deturpando nos seus objetivos as lições do Evangelho, se tornou uma organização política em que preponderam as caraterísticas essencialmente mundanas".

Em primeiro lugar, é uma grande declaração de quem sentiu dor de cotovelo. Chico Xavier, certamente, usou essa frase porque se tornou frustrado, era um beato católico de crenças bastante ortodoxas. Só tinha como diferencial se comunicar com sua falecida mãe e um padre jesuíta que ele tanto admirava desde que leu livros de História do Brasil como se estes ainda estivessem vivos. Mas seu catolicismo ortodoxo e seu ultraconservadorismo faria com que Chico Xavier concorresse, em obscurantismo, com o próprio Gustavo Corção ou, hoje, com Olavo de Carvalho (que, como Chico Xavier, é tido como "filósofo").

O próprio "espiritismo" brasileiro também deturpa seus objetivos originais. O próprio Chico Xavier é um traidor, dos mais gravíssimos, do legado de Allan Kardec, criando uma série de livros, com amplo alcance de público e grande e forte repercussão, que contrariam severamente os postulados espíritas originais. Entende-se que o conteúdo desses livros era tão conservador - há vestígios de racismo, machismo e homofobia em algumas obras - que o próprio Chico Xavier tinha que apelar mesmo para a atribuição de autores já mortos para se livrar da responsabilidade pessoal por tal ideia.

Um exemplo disso está em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Nele Chico Xavier, que escreveu o livro com o presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, e a colaboração dos redatores do periódico Reformador, no qual os índios e negros são classificados como "selvagens". A obra também apela para o anti-semitismo, quando narrou o fictício julgamento de Jesus de Nazaré por Pôncio Pilatos - apesar de muito conhecido e encenado, o episódio nunca existiu e nunca houve documentos históricos que comprovassem ter havido esse julgamento, até porque a lógica da época mostra que as autoridades romanas eram muito rápidas na condenação de seus prisioneiros - , uma criação da Idade Média para inocentar as autoridades romanas da condenação de Jesus.

Nota-se que, com o fim do Império Romano, as autoridades do Império Romano do Oriente, depois Império Bizantino, decidiram se apropriar do mito de Jesus, de forma com que a antiga postura punitiva fosse posta debaixo do tapete. A aristocracia romana, a partir do imperador Constantino, resolveu pegar carona no que se chama de Cristianismo primitivo - movimento póstumo do qual pessoas buscavam preservar o legado de Jesus de Nazaré - e evitar com que o povo subordinado se articulasse política e socialmente através dessa iniciativa.

Com isso, o Império Romano do Oriente fundou a Igreja Católica, e deturpou a imagem de Jesus de Nazaré concebendo um mito que prevalece até os dias de hoje, combinando pregações moralistas, messianismo conservador, sisudez de comportamento e um certo dom mágico de realizar os chamados "milagres".

A reboque disso, o Catolicismo, de fato, tornou-se politiqueiro, corrupto, arrivista, ganancioso e sanguinário, e realmente isso foi uma fase infeliz envolvendo uma religião, que desfigurou o legado original de Jesus. Mas a frase de Chico Xavier e ideias semelhantes que foram trazidas por Emmanuel revelam que os "espíritas" brasileiros são hipócritas ao fazerem críticas ao Catolicismo medieval que tanto seguem, com indisfarçável prazer.

O Catolicismo no Brasil foi introduzido na sua forma portuguesa, que mantinha práticas medievais. A Inquisição e as queimadas de humanos hereges em praça pública ocorriam até o século XVIII. A Companhia de Jesus foi responsável por essa introdução no solo do Brasil colonial e um dos padres jesuítas que contribuíram decididamente para isso foi Manuel da Nóbrega, o mesmo que voltou como "mentor" de Chico Xavier, usando o codinome Emmanuel (inspirado em Ermano Manuel, ou E. Manuel, como assinava o jesuíta).

O "espiritismo" brasileiro se fundamentou com o que o Catolicismo brasileiro havia descartado no século XIX. Desenvolveu um conteúdo moralista conservador, um misticismo igrejeiro velho e antiquado, e um clima de pieguice e beatitude não muito diferente dos católicos apostólicos romanos.

A única diferença é que o "espiritismo" brasileiro não possui o aparato pomposo que marcou o Catolicismo da Idade Média, sendo econômico nos rituais e indumentárias. Além disso, o "espiritismo" buscou um pacto com os movimentos ocultistas, já que a "mediunidade" adotada é uma herança mais próxima dos movimentos de feitiçaria do que da paranormalidade estudada por Allan Kardec.

O "FILME" SE REPETIRÁ

A declaração de Chico Xavier entra em confronto com o que poderá ser, na prática, o projeto do Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Esse projeto nos diz muito quanto ao relançamento de dois projetos hegemônicos, agora em solo brasileiro, que na prática colocarão os "espíritas" nos mesmos caprichos políticos e materialistas que Chico "criticava" nestas frases.

Primeiro, porque a ideia de "coração do mundo" remete a uma supremacia política. Segundo esse ideal, o Brasil teria um destaque mundial e se tornaria nação-líder da humanidade planetária. A "profecia" da "data-limite" remete a isso, quando pede para o mundo se "harmonizar" e abrir caminho para a "ascensão" da pátria brasileira no "concerto das nações".

Isso significa que o Brasil se tornará um novo império, e não é preciso pensar muito, desde que se livrando de paixões religiosas, para reconhecer um grave perigo nisso tudo. O discurso é dócil e o enunciado parece cheio de amor, mas na prática o "coração do mundo" se tornará uma nova pátria imperialista, pois, para que se consolide um "projeto de nação", por mais "humanista" que se possa parecer, ele encontrará pessoas e povos de orientação diferente, que não aceitarão o projeto do "coração do mundo" e, simplesmente, serão presos, escravizados e até assassinados por isso.

Isso é muito cruel e choca os "espíritas", mas é verdade e isso pode ocorrer numa questão de anos após a instalação do "coração do mundo". A "lição fraterna" dominará o mundo e, havendo gente contrária ou sem afinidade com isso, serão usados meios violentos para combater aqueles que "atrapalham a formação de uma pátria fraterna e cristã".

Foi exatamente isso que ocorreu com o Império Romano, que se apoiou também nas "lições fraternas" que concebeu do Cristianismo. A ideia de "pátria do Evangelho" já remete ao relançamento do Catolicismo medieval, agora sob o rótulo de "espiritismo", e uma nova supremacia religiosa pode se formar, também reagindo com violência contra os "irmãos" que "não entendem a lição de amor e paz do Evangelho".

Quanto banho de sangue não se fez em nome da "paz de Cristo", na Idade Média? Os "espíritas" contam com um juízo de valor que pode fazê-los se tornarem sanguinários, que é a tese dos "resgates morais" e dos "reajustes espirituais", com ênfase nas tragédias envolvendo várias pessoas, que se atribui a "resgates coletivos", um prato cheio para o que poderá haver de holocaustos preparados pelos "fraternais espíritas".

E os tesouros? Os "espíritas" criticam os tesouros dos sacerdotes católicos medievais, mas os "médiuns" colecionam prêmios, medalhas, condecorações, fazendo turismo pelo planeta, no Brasil e no exterior, dando oratórias para pessoas ricas e poderosas, desviando o dinheiro da caridade ou lavando o dinheiro sujo dos empresários que financiam essas excursões. Posam em fotos ao lado dos mais ricos, aparecem em colunas sociais, elogiando aristocratas em busca de mais prêmios na Terra.

O próprio Chico Xavier não escapou disso, embora Divaldo Franco seja o exemplo mais explícito de alguém que acumula prêmios na Terra. E tem o latifundiário curandeiro João Teixeira de Faria, o João de Deus, se autopromovendo de famosos, para tentar comover a opinião pública e afastar as acusações de charlatanismo.

Mais uma vez, Chico Xavier, com essa "frase" sobre o Catolicismo, tenta obter triunfo falando mal do argueiro nos olhos dos outros, mas se esquece da trave que os olhos dos próprios "espíritas" mantém, que pode levar a uma cegueira moral bem pior, com o agravante da consciência dos excessos cometidos pelos católicos medievais e que podem se repetir, com mais intensidade do que já ocorre, entre os próprios "espíritas".

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