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A retratação ao "espiritismo" brasileiro remete à conversão dos hereges na Idade Média

(Autor: Professor Caviar)

A deturpação do Espiritismo no Brasil mostra casos de muita complacência e de aparentes remorsos dos questionadores da catolicização da Doutrina Espírita, sobretudo através da rendição à suposta superioridade moral dos "médiuns espíritas", considerados os sacerdotes da doutrina brasileira, feitos à semelhança dos sacerdotes católicos medievais.

A rendição, em 1957, de Humberto de Campos Filho que, mediante armadilhas discursivas como o "bombardeio de amor" - recurso falacioso usado pelo "médium" Francisco Cândido Xavier ao abraçar seu antigo processador, num assédio moral de cunho religioso - , se assemelha às antigas conversões que os hereges eram obrigados a fazer movidos pela retórica pretensamente amorosa de sacerdotes católicos.

Os contextos mudam. Não há a tortura física, e os "sacerdotes" não adotam o tom ameaçador nem estão associados à imagem de severidade que se tinha outrora. Mesmo assim, a técnica continua a mesma, a persuasão do contestador e a dominação do mesmo através de um discurso com forte apelo emocional.

A deturpação do Espiritismo derruba obstáculos não porque os "espíritas" brasileiros foram melhores que Allan Kardec na divulgação da Doutrina Espírita. Os deturpadores se saíram melhor porque dominam as mais sutis técnicas de apelo emocional e aparato de bondade, como meios de forçar a comoção humana e arrancar, até mesmo do mais enérgico questionador, a mais submissa complacência.

Recursos como o "bombardeio de amor", um perigoso método de apelo emocional e considerado falácia por estudiosos em linguagem e manipulação da mente humana, são feitos, para dar um tom de falsa intimidade e falsa afetividade, que fazem com que as pessoas que questionam a deturpação espírita sejam dominadas num clima de profunda emotividade e falsa solidariedade.

Além do "bombardeio de amor", há recursos como o vitimismo. Chico Xavier era um exímio fingidor e, quando duramente contestado e questionado, ele apelava para o vitimismo, posando de tristonho e falando coisas como "encarar a situação no silêncio da prece, em vez de pôr querosene nesse incêndio". 

Artífice da manipulação da mente humana, o esperto "médium", de olhar maligno, usurpador de mortos e que encarava os mortos prematuros como fetiches - daí a provável maldição dos que se tornam devotos de Chico Xavier, que acabam tendo algum filho morto por circunstâncias vindas do nada - , era capaz de adotar as mais refinadas técnicas de arrivismo, por decisão dele e com a ajuda do presidente da FEB, o também arrivista Antônio Wantuil de Freitas.

Morto o "gepetto", nem por isso o "pinóquio" se transformou em alguém sincero. Chico Xavier cometeu gravíssimas deturpações ao legado espírita original, coisa de muita responsabilidade, da qual o "médium" não pode ser questionado por um pingo de relativização sequer de seus atos equivocados. Mas a complacência total que se dá a ele é assustadora e só mesmo alguns apelos emocionais usados para forçar a comoção e a adoração humanas permite transformar o homem que usurpou a memória dos escritores mortos em "semi-deus".

Mesmo quando as complacências se chocam entre si - alguns chiquistas renegam o título de "semi-deus" e "profeta" a Chico Xavier, mas o endeusam pelo avesso, definindo-o como "pessoa simples" e "homem humilde e bom" - , os apelos emocionais são claros: Ad Passiones (apelo à emoção, do qual o "bombardeio de amor" é sua forma mais perigosa), vitimismo e Assistencialismo estão entre os principais deles.

O Assistencialismo, que os "espíritas" creditam como "assistência social" e definem, de maneira hipócrita, como "caridade transformadora", é um tipo de caridade meramente paliativa, pontual e de resultados de pouca eficiência, geralmente provisórios, mas, se efetivos, bastante medíocres, que nem de longe expressam a alegada transformação social e só serve, essa "caridade", para a promoção pessoal do "benfeitor".

E os brasileiros ainda veem a bondade humana sob o véu da religião e sob os holofotes do "benfeitor". Chegam mesmo a menosprezar os resultados, como se o enunciado do ato falasse por eles. Ficam mais preocupados com o prestígio do "filantropo" de ocasião, sobretudo se for um "médium espírita", do que com o fim da pobreza, se esquecendo que o Assistencialismo não cura a doença da pobreza, apenas se limitando a aliviar as dores desse mal.

Ninguém em sã consciência poderá ignorar que, se a "caridade" dos "médiuns espíritas" fizesse realmente resultados transformadores, localidades como Uberaba, no Triângulo Mineiro, o bairro de Pau da Lima, em Salvador e a cidade de Abadiânia, em Goiás, não teriam índices preocupantes de violência e baixa qualidade de vida. Se Uberaba fosse mesmo uma cidade "iluminada", o mausoléu de Chico Xavier não teria sido alvo de vandalismo, movido por motivação comum e NÃO por intolerância religosa. Sem falar que Uberaba também caiu, de 2000 a 2010, cem posições em índice de desenvolvimento humano segundo a ONU.

Devemos ser maduros e deixar de tanta complacência, para não nos comportarmos como os hereges da Idade Média que abriam mão até da compreensão da realidade para se manterem submissos aos sacerdotes católicos que exerciam o poder. Hoje se faz o mesmo com os "médiuns espíritas", ainda que sob o aparato de "coisas lindas e edificantes". A retratação que os críticos fazem aos deturpadores da Doutrina Espírita é fruto de um apego a aparatos emocionais tão dóceis e agradáveis, ainda que estes sejam perigosos no sentido de atrofiar a compreensão e o raciocínio humanos.

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