(Autor: Professor Caviar)
Você está acostumado com a imagem "caridosa" dos "médiuns espíritas", a partir de Francisco Cândido Xavier.
Foi por meio de Chico Xavier que as pessoas passaram a acreditar num paradigma de suposta caridade plena, que no caráter grotesco das pessoas precisam ter uma "imagem pessoal", que não necessariamente é a mais fidedigna para representar virtudes morais elevadas.
Afinal, pelo que se sabe por baixo dos panos, os "médiuns espíritas" já são uma aberração por si mesmos. Eles deixaram de cumprir o papel discreto e intermediário e foram praticar culto à personalidade, bancando os dublês de ativistas, filantropos e, sobretudo, pensadores. Num Brasil sem filósofos, os "médiuns" tentam desempenhar, e muito mal, esse papel, se achando os portadores da verdade, os detentores da palavra final, se autoproclamando "a caminho de Deus".
As pessoas acham tais aberrações naturais e pensam que "médium" é aquele que faz (suposta) filantropia e fica dizendo frases de (pretensa) sabedoria. Se acostumaram com tais aberrações e passaram a adorá-las como se fossem grandes totens, e se submetem a eles através de uma adoração mórbida expressa por uma emotividade exagerada e que parece "elevada", mas é extremamente doentia.
Tudo isso foi construído por um discurso midiático que tomou Chico Xavier como modelo brasileiro, mas se inspirou no discurso construído pelo inglês Malcolm Muggeridge para promover a suposta filantropa Madre Teresa de Calcutá, que depois foi denunciada por ter nas suas "casas de moribundos" um padrão degradado de alojamento, equiparado aos campos de concentração.
É sério. Madre Teresa, tão tida como "símbolo máximo de caridade", foi denunciada, com provas consistentes, por ter deixado seus "auxiliados" em condições degradantes, doentes graves expostos uns ao contágio de outros, tratados apenas com analgésicos, e recebendo injeções de seringas contaminadas e lavadas somente com água suja de torneiras. Madre Teresa, enquanto isso, viajava em jatinhos particulares com ditadores ou magnatas para obter grandes fortunas que eram repassadas aos sacerdotes do Vaticano. Que interesses comerciais não estão por trás dessa imagem de "santa"?
Chico Xavier tornou-se a versão brasileira desse discurso que praticamente privatiza o sentido de bondade, submetendo-o ao formalismo religioso. É uma forma de submeter a virtude humana num restrito elenco de "iluminados", pessoas que não são assim tão maravilhosas como o discurso fabuloso tanto diz, mas que há o apelo à emoção (Ad Passiones) consegue persuadir com êxito.
E a Rede Globo vestiu a camisa de Chico Xavier, pondo fim à antiga animosidade das Organizações Globo ao beato de Pedro Leopoldo. As pessoas se esquecem que o mito de "símbolo de caridade" atribuído ao suposto médium foi construído engenhosamente pelos noticiários da Globo, a partir de uma edição do Globo Repórter e, depois, através de programas como Jornal Nacional e Fantástico.
Isso é perigoso, porque a realidade mostra o quanto hábitos impostos pela Rede Globo alcançam até pessoas que dizem não se influenciarem pela rede televisiva e até alegam odiá-la. Recentemente, manifestantes anti-Globo cometeram uma gafe, cantando hinos de "funk" (não era por fins de paródia), ignorando que o ritmo musical é apadrinhado pela emissora controlada pelos filhos de Roberto Marinho, antigo patriarca das Organizações Globo.
A Globo trabalha Chico Xavier como se fosse um Lula às avessas. É muito perigoso uma rede de televisão se aproveitar da grande audiência para influenciar a opinião pública santificando ou demonizando pessoas. E isso cria efeitos devastadores, porque não são apenas manipulações, mas fixações de visões e abordagens equivocadas, crenças sem pé nem cabeça, mitologias fantasiosas que são defendidas como verdades absolutas com mãos de ferro.
Nota-se que a idolatria de Chico Xavier não contribui em coisa alguma para atrair boas vibrações. Os seguidores do "médium" e, por associação, de Divaldo Franco, João Teixeira de Faria (João de Deus), se julgam com "vibrações elevadas" quando tudo está de acordo com eles, assim se comportando com muita alegria e serenidade. Quando contrariados, porém, eles reagem com fúria e fazem até ameaças , ironias e chantagens.
Isso mostra o quanto as paixões religiosas são tão terrenas quanto as do sexo, das drogas e do dinheiro. E, com uma ajuda de uma poderosa corporação midiática, até mesmo conceitos de "amor e bondade" podem ser alvos de muita manipulação.
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