(Autor: Professor Caviar)
Como deturpador da Doutrina Espírita, o "médium" baiano Divaldo Franco contraria a reputação de "coerente" e "esclarecedor" que seus deslumbrados seguidores tanto alardeiam. Analisando seus textos sem a tentação das paixões religiosas, vê-se que sua retórica é empolada, os textos, prolixos e as ideias, truncadas.
Uma entrevista recente durante um congresso "espírita" na Espanha, em dezembro do ano passado, revela vários problemas nas opiniões de Divaldo, o que derruba de vez sua fama de "sábio" que faz com que as pessoas comprem os livros da série Divaldo Responde iludidas com a hipótese de resolverem suas vidas a partir daí. E sabemos que só esse livro derruba a imagem do sábio, porque o verdadeiro sábio não é aquele que se julga com respostas prontas para tudo, mas aquele que busca o conhecimento, trazendo mais dúvidas que certezas.
Desta vez, pegamos um item correspondente à pergunta sobre se algo de pior vai acontecer na Terra, já que existem perspectivas sombrias neste sentido, principalmente pelos acontecimentos políticos e econômicos dos últimos meses nos EUA (eleição de Donald Trump), Europa (saída do Reino Unido da União Europeia) e Brasil (golpe político que derrubou a presidenta Dilma Rousseff), Divaldo responde à pergunta da seguinte forma:
"Existe uma percepção geral, de receio, de que algo de grave vai acontecer em breve. Que dizer sobre isso?
DF – As entidades que por mim se comunicam, têm uma visão muito mais profunda. Há uma tendência masoquista na criatura humana, de ser infeliz. Mesmo quando tudo está bem, há uma certa insegurança, a perda do bem-estar devido a situações lamentáveis. Já foram tantas datas marcadas para o “fim do mundo”, que eu prefiro não acreditar no “fim do mundo”, mas simplesmente no fim de uma Era, tanto geológica como Humana, de conflitos e distúrbios, um mundo melhor. Muitas vezes, são os escombros que nos oferecem as bases de uma nova cultura. Desta cultura amorfa, caracterizada pelo egocentrismo e celebrada pelo individualismo, nascerá uma cultura de solidariedade, de Amor, de fraternidade. Já vemos o anteprojecto, nas pessoas generosas e boas".
Levando em conta que o "espiritismo" brasileiro está cada vez mais inclinado na Teologia do Sofrimento, corrente medieval do Catolicismo, Divaldo estranha haver uma "tendência masoquista na criatura humana", a de "ser infeliz". Mas o próprio "espiritismo" traz em seu discurso uma pregação do masoquismo, como se fosse um sado-masoquismo religioso, em que os pregadores defendem o sofrimento dos outros e estes têm que sentir prazer pela própria desgraça, pelo próprio prejuízo.
Fala-se não apenas em "suportar o sofrimento sem queixumes". Fala-se também em "amar o sofrimento", "agradecer a Deus pelas desgraças obtidas", "ser feliz com o próprio prejuízo", sob a desculpa de que o Céu trará (quase sempre postumamente) as "bênçãos desejadas". Não raro o "espiritismo" cai em contradição pois, se num momento fala-se em estimular o amor próprio, no outro fala que a pessoa é inimiga de si mesma. Por outro lado, os "espíritas" dizem reprovar o suicídio, mas pedem aos sofredores suportarem as desgraças que impelem muitos a esse ato fatal.
Divaldo Franco tenta correr por fora das acusações de que estaria traindo Kardec por determinar datas fixas para o futuro da humanidade. "Já foram tantas datas marcadas para o 'fim do mundo', que eu prefiro não acreditar no 'fim do mundo', mas simplesmente no fim de uma Era (...)". Divaldo tenta, com isso, se livrar das acusações (verídicas e comprovadas) de ser um falso profeta, e vai logo dizendo "coisas boas" para induzir a tranquilização das pessoas.
Embora não professasse a Teologia do Sofrimento de maneira explícita como foi Chico Xavier, Divaldo Franco dá uma pista de também sentir simpatia pela corrente medieval: "Muitas vezes, são os escombros que nos oferecem as bases de uma nova cultura". Dentro de seu malabarismo de palavras, o "médium" baiano não traz essa alegação explícita, pois ele tem o artifício de dissimular as palavras para evitar interpretações diretas contra ele. Mas sabe-se que, entre os defensores da Teologia do Sofrimento, há uma ênfase em atribuir a desgraça como fonte de progresso, quando a verdade é que não é a desgraça que faz o progresso, mas a resposta do sofredor em recusar esse malefício.
Desta maneira, Divaldo caiu em contradição e demonstrou que não é o "sábio" que seus deslumbrados seguidores tanto acreditam que ele seja. Deixando de lado a paixão religiosa, tão perigosa quanto as orgias de sexo, drogas e dinheiro, se vê numa figura como Divaldo Franco como um mistificador, de acordo com o que preveniu o espírito Erasto em seu tempo, de texto empolado, cheio de "boas coisas" para contar e aí inserir ideias levianas e sem lógica, como a farsa das "crianças-índigo".
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