(Autor: Kardec McGuiver)
A verdadeira caridade, resultante de ações coletivas que pretendem eliminar problemas de forma mais eficiente, geralmente através do ativismo social, sempre foi demonizado pelos conservadores. Confundido com baderna, o ativismo social foi condenado até mesmo por Chico Xavier na famosa entrevista para o talk show Pinga Fogo, no auge da ditadura. Os esquerdistas que admiram Chico Xavier não conhecem muito bem o seu ídolo...
Chico Xavier era conservador, algo coerente com a sua fé, que na prática era uma manutenção do velho Catolicismo medieval que nem mesmo o católicos querem saber. O "Espiritismo" nunca passou de mero palco para que Chico Xavier pudesse impor aos seus seguidores os delírios de sua fé medieval. E como um bom conservador condenava a verdadeira caridade, colocando no lugar uma caridade frouxa, paliativa, mas que aos olhos dos mais ingênuos, soa mais emocional.
A caridade que os conservadores aprovam é a mesma caridade que Chico Xavier praticava. Uma caridade que serve mais para que excluídos suportem a sua "incurável" condição de indignidade, apenas criando meios de manter a sobrevivência, sem tirar o individuo de sua condição de carência.
Uma educação que nunca estimule o intelecto (intelecto é uma arma contra poderosos), que ensine a dançar e jogar bola (para manter jovens distraídos, evitado a "subversão" que eliminaria os problemas e as crises que favorecem os poderosos) e que sirva apenas para o mercado de trabalho, de preferência em posições desprestigiadas, como num "chão de fabrica", com um salário que sirva praticamente para se alimentar, se vestir e se deslocar para trabalho e escola.
Mudar o mundo é péssimo para os poderosos e a caridade deve ser menos eficiente possível, para que as estruturas do poder nunca mudem. Chico Xavier, amigo dos poderosos, de quem nunca exigiu esforço, desejando apenas prêmios e reconhecimento, nunca quis mudar o mundo.
Apesar de estigmatizado como o "maior filantropo do país", nunca melhorou a vida de ninguém, se limitando a paliativos e benefícios pequenos que eram apenas momentâneos. Sua caridade serviu mais para esconder os escândalos - ele era um deturpador doutrinário e sua mediunidade muitas vezes era falsa, nos momentos de falta de concentração - e aumentar o prestígio do médium, que era um bom vendedor de livros escritos cheios de erros e mentiras.
Conservadores são individualistas. Detestam a caridade praticada por multidões através do ativismo social. A caridade praticada por um "salvador" solitário é mais aceita e admirada. Uma caridade que, feita por um s"salvador" idolatrado, pudesse ser repetida por outros "salvadores", representando falsamente uma soma de forças a "melhorar o planeta e a humanidade". É a tese do "cada gota conta", em que a caridade conservadora consiste na soma de atitudes individuais. O que a prática demonstrou ineficaz para a eliminação dos problemas sociais.
A filantropia chiquista era apenas um meio de promover Chico Xavier como "salvador" e satisfazer a tara religiosa de seus fiéis e admiradores, loucos por um falso santo ou herói que pudesse representar, mesmo que falsamente, a esperança no fim dos problemas. Mas como essa gente é ingênua: se soubessem que problemas não são eliminados desta maneira...
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