(Autor: Professor Caviar)
Vamos pensar no caso da campanha eleitoral. Um político de um grupo que detém o poder numa comunidade - pode ser um bairro ou uma região de cidades, ou mesmo um Estado brasileiro - resolve, para fortalecer suas vantagens eleitorais, oferecer cestas básicas para a população pobre, durante sua campanha eleitoral.
A ideia parece atraente, a oferta de cestas acontece em clima de muita festa e alegria, os pobres estão eufóricos e felizes e, em fileiras que os fiscais mal conseguem organizar, recebem as cestas com sacos de arroz e feijão, algum óleo ou farinha de trigo e outros produtos alimentícios ou de produção de alimentos. O candidato tende a garantir, com esse ato, uma larga vantagem eleitoral, por conta de aparente generosidade.
Hoje, no entanto, um ato como este é considerado corrupção. Pior: é classificado como um crime eleitoral. O que, à luz do jogo de aparências, parece ser uma avaliação cruel e injusta das "leis da Terra". Mas a medida é coerente: faz com que se evite que certos candidatos trapaceiem outros pela oferta de cestas básicas, um diferencial de desonestidade que impede que outros candidatos tenham o direito democrático de serem eleitos.
Em outras palavras: oferecer cestas básicas durante campanha eleitoral é crime porque consiste numa "compra de votos" da população carente, o que claramente é uma trapaça. E aí vemos o quanto atos que parecem "bondosos" podem se servir à desonestidade de alguém. Quanto dinheiro sujo da corrupção é "lavado" com creches, escolas, entidades supostamente filantrópicas?
Desconfia-se até das próprias Organizações Globo, que desviam uma boa parcela da arrecadação do Criança Esperança, obtida sobretudo pelos telefonemas que cobram altas tarifas, para a fortuna pessoal dos irmãos Marinho, que são beneficiados pela sonegação de impostos, pelos subsídios do Estado e foram contemplados até com verbas da Lei Rouanet. Segundo a Forbes, os irmãos Marinho, donos sobretudo da Rede Globo, O Globo e Globo News, estão entre os mais ricos do mundo.
E A "BONDADE ESPÍRITA"?
Aí vem o cidadão que vive sentado no seu sofá, feliz por ver, na TV - sobretudo Rede Globo - , o mundo dos sonhos da sociedade ultraliberal que pretende promover justiça social com desigualdade econômica, crescimento com cortes de gastos públicos e valorização da economia nacional com a desnacionalização de empresas brasileiras, sobretudo as estatais a serem privatizadas. Quem acha que a PEC do Teto vai recuperar a economia e a privatização do ensino público irá melhorar a educação acredita em qualquer bobagem.
E vemos o caso do "espiritismo", que já começou mal preferindo Jean-Baptiste Roustaing a Allan Kardec, e hoje dissimula a doutrina brasileira com um "kardecismo" caricato - Roustaing foi o "Eduardo Cunha" da Doutrina Espírita, a pessoa foi descartada e o legado preservado, como que numa herança - , praticando uma falsa mediunidade de faz-de-conta e difundindo postulados igrejistas de teor medieval muito mal disfarçados de "ciência" esotérica e ocultista.
Quando se fala dessas irregularidades "espíritas", vem um "patrulheiro" da doutrina igrejista para dizer "pelo menos eles fazem bondade, ajudam muita gente". Dizem isso de maneira vaga, sem se preocupar em apresentar provas de quem e quantas pessoas foram realmente beneficiadas. Em muitos casos, essa "ajuda" não passa de conversa para boi dormir, mas mesmo assim a "patrulha espírita" é intensa, persuasiva, persistente. Quando faltam argumentos, resta dizer o apelo desesperado: "O irmão está alterado", embora sejam os próprios "espíritas" a perder a cabeça de tão questionados.
Há o "rouba mas faz" do "movimento espírita" que garante a blindagem absoluta de Francisco Cândido Xavier, considerado um "santo" e, embora fartamente questionado, não tem contra ele uma condenação oficial que seja.
Mas como existe uma pressão para contestar o falecido "médium", com provas consistentes, nota-se que o plano B tenta ao menos salvar o discípulo Divaldo Pereira Franco, que nos tempos de Jesus poderia ser um dos pseudo-sábios e extravagantes religiosos, tão duramente criticados pelo mestre judeu, mas num Brasil retrógrado ele é visto como "seguidor de Jesus" e tido não só como "sábio", mas como "filósofo".
E aí se observa uma coisa. Fanáticos por Divaldo Franco tentando arrumar motivos para "legitimar" o título de "maior filantropo do país", quando dados verídicos mostram que esse título não tem serventia para um ídolo religioso como ele, famoso pelos seus ares e sua verborragia típicos de professor ultraconservador dos anos 1930, quando o saber era hierarquizado numa sociedade rígida e cruelmente moralista.
Sabe-se que Divaldo Franco, remanescente dos dois fundadores da Mansão do Caminho, não ajudou mais do que 0,01 % da população brasileira, em 64 anos de instituição. Não poderia, portanto, ser "maior filantropo" de coisa alguma. Além disso, o bairro de Pau da Lima, Salvador, onde se situa a "iluminada" mansão, sofre diários surtos de violência e miséria.
Da mesma forma que Chico Xavier, Divaldo Franco é um dos piores deturpadores da Doutrina Espírita. Isso é fato, afinal os livros, palestras e depoimentos deles trazem ideias que são abertamente contrárias ao pensamento de Allan Kardec e são uma afronta cruel ao Espiritismo original.
Comparando os livros originais de Kardec com a "filosofia" de Chico Xavier e Divaldo Franco, as diferenças são abertantes, pesando negativamente nos dois "médiuns", associados a valores moralistas, místicos e igrejeiros completamente retrógrados e distantes do pensamento científico e progressista do pedagogo francês.
Essa constatação é feita pela simples comparação de obras. pela leitura objetiva, desprovida da paixão religiosa, que é a mais traiçoeira, perigosa e viciante que existe na humanidade. Sem essa paixão, a leitura objetiva observa aspectos ocultos que permitem identificar contradições graves entre as obras de Xavier e Franco e a de Kardec, como se aquelas e esta fossem absolutamente diferentes entre si.
E aí vem a carteirada religiosa: "mas pelo menos ensinam boas lições", "eles erram em Espiritismo, mas acertam na bondade", "as obras têm deslizes doutrinários, mas mostram palavras de amor", "elas ensinam mal, mas servem de consolação para muitos sofredores", são os argumentos usados, de alto teor demagógico pelo uso leviano das ideias de "amor", "bondade" e "caridade".
Isso é o "rouba mas faz" do "movimento espírita". E revela o quanto o uso da filantropia, como nas atividades de "caridade" e "educação" dos "centros espíritas", pode acobertar a gritante desonestidade doutrinária que mancha vergonhosamente o legado de Allan Kardec, Assim como o "rouba mas faz" da política, existe o "erra mas é bonzinho" do "movimento espírita".
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