(Autor: Kardec McGuiver)
Chico Xavier nunca passou de um mero beato católico, que expulso de sua igreja por ser paranormal, encontrou na versão fajuta do "Espiritismo" o seu exílio, aprontando o que aprontou para tentar (e conseguiu!) transformá-lo no Catolicismo híbrido que tanto sonhou.
As lideranças da FEB enxergavam no beato uma pessoa carismática, capaz de servir como isca apara atrair público (aumentar o rebanho, no jargão religioso). Para isso criou-se lendas ao redor dele para que ele pudesse ser visto como uma divindade viva, algo que infelizmente vale até hoje, mesmo depois de seu falecimento, enganando muitos incautos, vários fanáticos.
Uma dos lendas atribuídas a Xavier foi a que diz que ele doou todo o direito autoral de suas obras "psicografadas" à caridade, optando para viver na extrema pobreza, para criar uma analogia ao mito de Jesus. Sobre isso é preciso esclarecer alguns fatos.
Primeiro que ela não doou para a caridade: doou para a FEB, que tinha uma editora que publicava seus livros. Os livros de Xavier pertencem a editora da FEB. Segundo, Xavier nunca foi pobre, pois além de ser servidor público aposentado (na geração dele, servidor público ganhava relativamente bem) recebia sim, alguma ajuda da FEB. Nunca foi rico, mas tnha uma vida que poderia ser considerada como confortável.
A FEB não doou todo o direito das obras do beato paranormal à caridade. Somente uma parte chegou a caridade alegada. Convém lembrar que "caridade" se refere a ajuda paliativa que não resolve problemas, não elimina injustiças, não oferece mobilidade social e serve apenas para que o carente suporte a sua condição humilhante (que não será encerrada) com alguma compensação. Religiosos são conservadores e para eles o tipo de ajuda deve ser a mínima possível, para não atrapalhar a "ordem" do sistema sócio-econômico capitalista.
Mesmo assim, este mito de que Xavier "doou para os pobres" os sus direitos autorais serviu para fortalecer o mito de divindade viva e conseguiu atrair muita gente para o "Espiritismo" brasileiro e consequentemente muito dinheiro. Se o que falam sobre a ajuda de Xavier aos pobres fosse verdadeira, me arrisco a dizer que a pobreza teria desparecido do país, favorecendo a mobilidade social que no mínimo garantisse qualidade de vida aos auxiliados.
Crivella também doou direitos autorais aos pobres?
Falo isso porque estava escutando uma rádio para ouvir músicas de flash-back e no intervalo passou uma propaganda do candidato a prefeitura do Rio de Janeiro, o bispo Marcelo Crivella, ligado a Igreja Universal e que pretende transformar o Rio em uma teocracia. na propaganda, é falado que Crivella doou todos os direitos autorais de seus livros e músicas (ele também é cantor) aos mais necessitados. Rapidamente me lembrei do Chico Xavier.
E é a mesma pasmaceira já vista em Chico Xavier. Tanto Crivella, Xavier, religiosos e capitalistas defendem que a ajuda aos mais carentes deve ser apenas paliativa. Para não ameaçar os privilégios das elites, preservando as injustiças que beneficiam os mais ricos.
Para os conservadores, como falei nos parágrafos acima, "ajudar os humildes" é dar apenas condições para que os pobres suportem problemas e injustiças, mas continuando pobres e sem dignidade. Até porque não dá para esperar altruísmo de quem vive no poder, de quem se beneficia com a existência de injustiças. Pois para ter demais é preciso tirar de outros. Se existem pobres é porque existe gente muito rica. A caridade nunca falou que o ideal seria distribuir melhor a renda.
A caridade de Marcelo Crivella, de Chico Xavier e de muitas lideranças religiosas nunca passou de mera hipocrisia. E creio que no céu não há lugar reservado aos hipócritas.
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