(Autor: Professor Caviar)
Infelizmente, muitos seguidores de Francisco Cândido Xavier e, por associação, de Divaldo Pereira Franco, tentam atenuar suas graves ações de deturpação da Doutrina Espírita sob o pretexto de que, "pelo menos", os dois "se dedicaram à caridade".
Usam a "bondade" como justificativa da validação dos dois supostos médiuns, que já distorcem tudo que Allan Kardec escreveu e recomendou, e mesmo assim há, no Brasil, quem queira recuperar as bases kardecianas com os dois "médiuns" mantidos como enfeite.
A "bondade" não pode estar a serviço da mentira e da mistificação. Ela não apaga a cicatriz da deturpação. Caridade não pode ser moeda de pagamento para o custo caro da fraude, da falsificação e da exposição de ideias equivocadas.
O "espiritismo" brasileiro se valeu pela deturpação grave, em que o cientificismo kardeciano foi substituído pelo igrejismo herdado por Jean-Baptiste Roustaing, o primeiro deturpador da Doutrina Espírita, já em plena França de Kardec. O advogado Roustaing foi muito querido pelo "movimento espírita", mas hoje a deturpação tornou-se mais hipócrita, quando o autor de Os Quatro Evangelhos foi renegado no discurso, mas suas ideias mantidas quase integralmente, até porque elas foram devidamente adaptadas por Chico Xavier.
Deturpar já é uma atitude de extrema gravidade, porque indica desonestidade doutrinária, que se alia a práticas duvidosas em que a mediunidade de faz-de-conta apela pela falsidade ideológica dos "autores do além". Isso envolve enganação, exploração da boa-fé das pessoas, manipulação da emoção dos outros, o que já é uma coisa deplorável.
Dizer que isso pode ser compensado com "bondade" e "caridade", com exibição de crianças tomando sopinha, idosos doentes dormindo tranquilos etc. Embora esse alerta seja desagradável, vale por uma comparação bem simples.
Imagine um político corrupto que diz que investe numa creche. Imagine o dinheiro da corrupção aplicado em ações "filantrópicas". Imagine seitas religiosas que usam escolas para manipular religiosamente seus alunos, sob a desculpa de ensinar matérias e valores de cidadania?
Ninguém vai dizer que fulano é "bondoso" por isso. E até grupos mafiosos, nos EUA, também investiram em "filantropia" e não se tornaram "maiores exemplos de caridade" por isso. Também se usa "caridade" para "lavagem de dinheiro", "lavagem de cérebros" e outras "limpezas".
É uma comparação dura e grave, mas mostra que a ideia de bondade não pode estar a serviço da mentira e da mistificação. Não se justifica a mentira pela bondade do mentiroso. Isso é um absurdo. Se houve deturpação na Doutrina Espírita, isso é uma ferida muito grave na reputação do deturpador, que não pode ser poupado nessa reprovação severa porque fez para enganar as pessoas.
Considerar que primeiro enganar as pessoas e depois dizer que ajuda o próximo é um grande equívoco que só faz legitimar a deturpação, ao glorificar os deturpadores. E isso nada tem a ver com a verdadeira bondade.
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