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"Umbral" é o destino provável de "espíritas" devotos

(Autor: Professor Caviar)

Quem professa o "espiritismo" brasileiro de maneira "exemplar", pregando seus princípios, assistindo às doutrinárias, participando de seus eventos e fazendo a caridade paliativa de sempre, costuma ter uma ilusão comum.

Eles acreditam que, quando um dia morrerem, serão recebidos pelos seus melhores amigos e parentes já falecidos, como se fosse num desembarque de um aeroporto, embora num cenário celestial com céu azul e nuvens brancas.

Se é um figurão como Divaldo Franco, o que se acredita é que ele, quando encerrar sua vida material, será recebido pelos seus parentes, pelo amigo Nilson Pereira (com quem fundou a Mansão do Caminho), haverá um coral de anjos cantando alguma poesia em melodias sinfônicas e alguma cerimônia. Depois, Jesus convocará Divaldo para ir para junto de Deus por ter encerrado a sua missão espiritual.

Isso tudo parece lindo e, narrando assim, os "espíritas" se comovem e se sentem fascinados. Há até a lenda de que Francisco Cândido Xavier encerrou as encarnações e goza, no mundo espiritual, do status de "espírito puro", mas há outras fontes de que ele é que ficará na Terra como "mentor" do Emmanuel reencarnado (que acreditam ser na forma de um garoto do interior paulista de cerca de 17 anos de idade e comprometido com a Educação).

Diz a lenda que Chico Xavier, ao ser recebido por amigos teve uma rápida conversa afetuosa, em que lágrimas (!) de comoção eram derramadas com o acolhimento do "médium" regressado ao além-túmulo, e depois, com o chamado de Jesus, Chico se evaporava como que "chupado" por algum aspirador e mandado para ficar no mundo dos "espíritos puros".

Mas tudo isso não passa de uma grande ilusão. E, podemos garantir, uma grande, uma gigantesca mentira. Tudo isso são fantasias, já que o "espiritismo" nunca estudou Allan Kardec de verdade e, por isso, nem sequer para atualizar ou reformular o pensamento do pedagogo francês os "espíritas" brasileiros tiveram qualquer capacidade. Pelo contrário, mostram-se incompetentes para tal missão.

FALSO KARDEC CATÓLICO

Allan Kardec havia advertido, no seu tempo, que a vida espiritual e o mundo do além-túmulo são mistérios para os quais não é recomendável uma especulação séria e provável. Não há qualquer ideia do que realmente seja um mundo espiritual. O que se nota são suposições, que vem desde o filósofo grego Platão (que viveu entre os séculos V e IV a.C.), que descreveu o "mundo das ideias".

Não há uma ideia confiável do que possa ser o mundo espiritual. Será um monte de nuvens? Um campo de golfe com crianças brincando? Um ambiente de jogos eletrônicos cujo solo lembrasse a placa-mãe de um computador? Uma imagem psicodélica de linhas de cores diversas se formando em curvas? Ou uma aleatória concepção individual de mensagens que remetem a antigas impressões terrenas?

Não se sabe. Como o pensamento de Allan Kardec foi travado pelo "movimento espírita" brasileiro, que passou muito tempo renegando e deturpando Kardec, inventando um "Kardec católico" que era mais agradável aos "espíritas" brasileiros, desde a suposta mensagem lançada pelo "médium" Frederico Pereira da Silva em 1889 até a tentativa de "roustanguizar" a obra de Allan Kardec através de traduções ainda mais deturpadoras pela Federação "Espírita" do Estado de São Paulo, em 1973.

Nesse tempo todo tentava-se transformar o pedagogo sério, estudioso de assuntos educacionais, teórico da educação infantil, entendedor de múltiplas disciplinas, poliglota e especializado em Magnestismo, traduzindo as obras de Mesmer para o francês, num simples papa.

Se foi aberrante Chico Xavier, como vingança, transformar o pobre do Humberto de Campos num padre e botar nele uma overdose de informações bíblicas nas quais o autor maranhense, ateu, não iria naturalmente transmitir, imagine Allan Kardec, vítima dos esforços de um grupo de brasileiros em convertê-los num papa, num sacerdote "arrependido" pelo seu ceticismo.

Daí que vieram os "espíritas" fazerem uma doutrina "à moda da casa", aproveitando elementos do Catolicismo do Segundo Império, de herança portuguesa e medieval, que os próprios católicos começavam a se livrar, como se desfizessem de antiga mobília.

Sim, porque a Igreja Católica no Brasil, com todos os dogmas e crenças que mantém inabaláveis, com suas fantasias, moralismos e absurdos, tentou, desde o fim do século XIX, alguma reformulação, sendo o maior avanço obtido a partir de 1962, quando surgiu a Teologia da Libertação, um catolicismo progressista que se opõe à Teologia do Sofrimento, por defender que as pessoas tanto podem agir por conta própria como receber e dar ajuda para superar a pobreza, a miséria e a subordinação social, cultural e política.

Já o "espiritismo" brasileiro construiu suas bases a partir da "mobília velha" do catolicismo do Brasil colonial. Enquanto o Catolicismo abria caminho para mentes conservadoras, porém moderadas e relativamente progressistas, como de Alceu Amoroso Lima e Dom Hélder Câmara, e de figuras de amplitude ativista como Frei Betto e Leonardo Boff, o "espiritismo" se estagnou num medievalismo igrejista cuja única novidade foi apreciar heresias esotéricas e pseudocientíficas.

ESTUDOS ESPÍRITAS COMPROMETIDOS

E é isso que distanciou os "espíritas" de Allan Kardec. A tardia onda de bajulações e de falsas referências a seu pensamento, em abordagens bastante tendenciosas, não ajuda, em coisa nenhuma, na valorização do seu legado, antes sendo um aparato para esconder o igrejismo que sempre norteou o "movimento espírita" e mascarar a ojeriza que seus seguidores têm contra as ideias científicas trazidas pelo professor de Lyon.

Com isso, os estudos sobre vida espiritual se tornaram não só comprometidos, mas prejudicados. Dos ditos médiuns brasileiros, só um ou outro realizam realmente algum trabalho, e nenhum deles é Chico Xavier ou Divaldo Franco, estes comprovados charlatães. Nota-se que essa comprovação não tem a ver com raivas pessoais, mas com fatos, diante das contradições observadas inúmeras vezes com os trabalhos "mediúnicos" dos dois ídolos religiosos, através de cuidadosa análise lógica.

Por outro lado, são pouquíssimos que se arriscam a fazer pesquisas sérias sobre a natureza da vida espiritual, analisando o mundo espiritual mais com ceticismo do que com fé e buscando meios de comunicação com os espíritos. Nada disso é valorizado pelo establishment do "movimento espírita", que apenas finge fazer mediunidade com frases padronizadas que refletem mais o estilo do "médium" e pouco mostram (e quando mostram, é falsificação) das personalidades dos falecidos.

Por isso, o "movimento espírita" não tem condições de fazer qualquer suposição sobre o que é vida espiritual. Se Allan Kardec se mostrava incapaz de tal tarefa, quanto mais seus deturpadores. E o festival de ilusões e fantasias dos" líderes espíritas" só traz uma provável certeza, que eles não admitem: é que eles, ao morrerem, irão para o "umbral" que construíram em suas fantasias.

DECEPÇÃO "CONSTRÓI" O UMBRAL

Isso é porque o umbral, de fato, existe? Não. Ele é imaginário, mas como ele foi concebido com tanta convicção pelos "espíritas", como um cenário de desolação, tristeza e incertezas, é para "esse lugar" que irão os "admiráveis espíritas" ao morrerem, e não escrevemos isso porque sentimos raiva deles. Antes sentíssemos compaixão diante de tantas vaidades que o deslumbramento religioso e a presunção da pouca caridade realizada trazem para os astros do "espiritismo" brasileiro.

A constatação de que eles irão para o "umbral" nos é dada mediante a avaliação do gravíssimo choque e da profunda decepção que os "maiores espíritas" brasileiros tiveram ou terão ao deixar a vida carnal, frustrados em não ver amigos lhe esperando, anjos cantando, árvores frondosas com passarinhos alegres voando e Jesus lhes chamando para povoar o "reino dos puros".

A frustração chocante de que o trabalho que eles tiveram foi inútil, inócuo e insuficiente, que o nível evolutivo deles continua ordinário, que muito do que pregaram como "boa palavra" não passava de mistificação e moralismo baratos, e que boa parte de sua obra "filantrópica" e "mediúnica" nunca passaram de charlatanismo, os faz terrivelmente confusos e assustadoramente frustrados.

Daí que, com o choque comparável ao de um competidor que parecia vencer todas as partidas, mas mediante um rol de faltas acumuladas e pontuações insuficientemente obtidas, perdeu um campeonato, os "espíritas" tendem mesmo a ir para o "umbral", confusos diante da frustração que as ilusões terrenas da religiosidade plena trazem para os pretensos humildes da vaidade humana.

A ficção de Nosso Lar acaba, ironicamente, dando uma lição para os "espíritas", embriagados pelas ilusões da vaidade falsamente humilde da religiosidade plena, do bacanal de palavras das mensagens igrejistas, do pouco caso da "caridade" paliativa que pouco faz para transformar as pessoas e tirá-las de suas situações degradantes, e do orgulho mal-disfarçado da alta reputação social que lhes é dada e que ainda os premia com medalhas e títulos diversos.

A "boemia" do igrejismo, o "sensualismo" da evocação nominal dos mortos (que, em verdade, se afastam de supostos "médiuns" tão tendenciosos ou simplesmente os ignoram, por estarem os finados tão longe da Terra), a "embriaguez" das belas palavras, a presunção da suposta humildade, a "honestidade" da fraude dissimulada, a "fidelidade absoluta" que permite traições ao legado de Allan Kardec.

Todos esses pecados derrubam os astros do "espiritismo", que se julgam destinados à "santificação sem burocracia" da doutrina brasileira, diferente da burocracia da beatificação e da canonização católica, mas que, uma vez desencarnados, percebem as desilusões que a "boa vaidade" da religiosidade oculta. 

Daí que os sentimentos de confusão, tormentos e frustrações constitui num "umbral" que pode não existir no mundo espiritual, mas pode haver, simbolicamente, nas emoções de "espíritas" decepcionados com a realidade no além-túmulo.

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