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Quando a mercadoria "espírita" se transforma em isca

(Autor: Professor Caviar)

O que faz um produto "espírita" se tornar gratuito? A possibilidade de tornar mais acessível a "boa mensagem"? A caridade de confortar as pessoas? A missão do esclarecimento e da livre transmissão de conhecimento? 

Nada disso. A religião que deturpa o legado de Allan Kardec e que chegou a vender a preços caros os livros de Francisco Cândido Xavier, quando ele não era ainda um ídolo consagrado e estava a décadas antes de ser beneficiado pela técnica do inglês Malcolm Muggeridge de fabricar mitos religiosos, não disponibiliza seus produtos de forma gratuita por generosidade ou outra qualidade positiva, mas como um processo pernicioso de manipulação.

Notem o documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier, de Fábio Medeiros. Não é um trabalho barato. Ele envolveu muitas viagens de sua equipe, uso e manutenção de equipamentos, hospedagem, remuneração dos profissionais envolvidos, marcação de horários para entrevistar pessoas interessadas, pesquisas de imagens de arquivos e tudo o mais.

No entanto, o vídeo inteiro, de cerca de uma hora de duração, está disponível de graça no YouTube. Isso mesmo. Na íntegra. Poderia ao menos haver uma versão resumida, editada, de vinte minutos, mas é o documentário inteiro, como se os "espíritas" achassem ótimo atirar dinheiro pela janela visando a "pura caridade".

Tudo está gratuito no YouTube. Filmes de Chico Xavier, das mães de Chico Xavier, das cartas de Chico Xavier, das "profecias" de Chico Xavier, filme sobre a colônia Nosso Lar, e o que vier. É custo, não é barato, e Nosso Lar foi uma superprodução - embora com atuações toscas e enredo confuso (cortesia do próprio livro, em si) - que envolveu efeitos especiais etc.

E os "queridos irmãos" do "espiritismo" devem dizer que essa gratuidade "é necessária" porque "deve-se dar de graça o que de graça se recebe", pouco importando se as videolocadoras entrem em falência, por exemplo. Mas, observando por debaixo do véu da "caridade espírita", nota-se que existem interesses mesquinhos por trás.

Afinal, trata-se de uma doutrina mistificadora, igrejista, manipuladora de corações e mentes, o "canto da sereia" da fé supostamente espiritualizada e falsamente raciocinada. Quando as mercadorias "espíritas" se consagram, elas se transformam em iscas, a "gratuidade" de tais "preciosidades" acaba escondendo propósitos de propaganda e persuasão.

Seria bom demais para ser verdade que os "espíritas" se preocupem em despejar filmes inteiros de uma hora de duração e até mais pela preocupação de transmitir conhecimento e mensagens edificantes. Isso tudo é conversa para boi dormir, porque o que está em jogo é atrair mais público para os "centros espíritas".

É uma tarefa árdua, admitimos, até porque vários desses filmes nem foram tão bem-sucedidos assim, em bilheterias e público. Não se sabe se alguns desses vídeos são disponibilizados de graça depois de ficarem "no vermelho" ou se algum patrocinador teve que arcar com o prejuízo, pensando na "sopa e nos agasalhos dos necessitados".

Em todo caso, com ou sem prejuízo, os "espíritas" adotam essa operação de risco, jogando filmes inteiros para serem vistos de graça, por puro tendenciosismo. Além de dar a má impressão de que os filmes atingem mais público com essa gratuidade - o que é propaganda para os palestrantes "espíritas" que irão comemorar os "milhares e milhares de espectadores" - , é um gancho para lotar "centros espíritas" e forçar as pessoas a aderir a outros meios de arrecadação.

Esses outros meios estão em festas "filantrópicas", carnês de "centros espíritas", seminários caríssimos em hotéis de grande conceito, e outros produtos que fazem atrair dinheiro para os "espíritas" e fazer esta seita igrejista estar preparada para entrar na competição teocrática contra os católicos e os neopentecostais, na disputa pela "supremacia da fé cristã".

Geralmente quando um produto "espírita" é lançado, alguma taxa é cobrada. Um novo livro, um novo filme, exigem, em primeiro momento, pagamento em dinheiro. É como uma promoção pelo avesso, já que é mais comum que um produto seja oferecido de graça para degustação para depois ser cobrada uma tarifa para sua aquisição.

Depois, quando o produto "espírita" se torna consagrado, ele é oferecido de graça. Livros em PDF, filmes no YouTube, tudo "di grátis", sem qualquer ônus, bastando apenas ter uma conexão de Internet funcionando normalmente para carregar um vídeo inteiro sem problema. O livro já é bem mais rápido de se carregar.

Existe também o "preço caro" da mistificação. Você é induzido a acreditar que aquela cidade fictícia de Nosso Lar é "verídica", ou que as bobagens que Divaldo Franco fala no documentário sobre a "data-limite" são "conhecimentos científicos". Você não paga para ver os vídeos, mas, em compensação, muita mentira é transmitida para você como se fosse "a mais pura verdade".

Tudo isso é uma isca. Vídeos fantásticos, sensacionalismo religioso, moralismo igrejista, pieguices, pseudociência, mensagens otimistas e previsões esperançosas, tudo isso é despejado em suas mentes para você ir a um "centro espírita" e se submeter às deturpações grotescas que se faz da doutrina de Allan Kardec, o professor muito bajulado e pouco estudado. O gratuito acaba saindo caro demais.

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