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Quando Jesus de Nazaré venceu e Chico Xavier perdeu

(Autor: Professor Caviar)

Existem vítimas e "vítimas". Temos que tomar muito cuidado com o caso de pessoas que sofrem oposições severas na vida, porque nem todos os que se dizem "perseguidos" são realmente injustiçados.

Fazendo uma comparação entre Jesus de Nazaré - que as religiões conhecem pela alcunha de Jesus Cristo - e Francisco Cândido Xavier, se vê que, embora os dois sejam postos num mesmo nível de elevação espiritual, o segundo se mostra bastante falho para obter sequer 1% desta reputação.

As vidas de Jesus de Nazaré e Chico Xavier não têm a ver uma com a outra, por mais que os "espíritas" e outros simpatizantes do chiquismo insistam com desculpas chorosas e tantas pretensas argumentações desesperadas. 

Um era um jovem carpinteiro, muitíssimo inteligente, que virou ativista social por conta própria e fundou uma das mais antigas organizações não-governamentais da História da Humanidade, da qual tinha colaboradores conhecidos como "apóstolos".

Outro era um caipira fanático pelo Catolicismo Ortodoxo Romano (tendência da Igreja Católica lançada na Idade Média e que formou a religiosidade do Brasil colonial), mas era dotado de dons paranormais relativos. Era um funcionário público que foi promovido a ídolo religioso através da combinação entre sensacionalismo e mística religiosa medieval.

Se observarmos bem o que levou cada um a sofrer a enérgica oposição de outras pessoas, veremos que existem diferenças muito grandes. Jesus foi condenado apenas por causa de seu ativismo e suas campanhas de esclarecimento. Já Chico foi condenado pelas confusões que causou com suas práticas irregulares.

Jesus era um andarilho que, hospedando de casa em casa, conversava muitas coisas com as pessoas. Muitas dessas conversas se perderam na poeira do tempo, e Jesus dava mostras de que tinha profunda noção de ciência política, além de uma sofisticação moral e intelectual consideradas insólitas em seu tempo.

Jesus era a coerência em pessoa. Um sujeito refinado dentro daquele ambiente brutal em que vivia, quando até os mais ricos imperadores romanos eram grotescos. O mito de que Herodes mandou matar recém-nascidos para evitar a vinda do "mensageiro" é falsa, foi plantado pelo Catolicismo medieval para forjar sensacionalismo. O que o rei fez teria sido uma forma grotesca de controle da natalidade.

Isso é muito diferente de Chico Xavier. Este estava mais ao lado do obscurantismo do que do esclarecimento, do contrário que muitos de seus seguidores insistem, até mesmo com raiva e desespero. A roupagem de modéstia é insuficiente para validar a inconcebível disparidade do anti-médium mineiro em relação ao ativista judeu.

Chico Xavier realizou pastiches e plágios literários. Isso não é calúnia nem acusação indevida, pois basta fazer uma comparação de suas obras "mediúnicas" evocando espíritos de escritores famosos e o legado que estes deixaram em vida para constatar esta irregularidade. "Mensagens de amor" não garantem, por si, a veracidade das obras divulgadas.

Chico criou confusão tanto nas suas fraudes literárias quanto nas "mediúnicas". Irregularidades eram apontadas não por caluniadores baratos ou perseguidores cruéis, mas por pessoas de alto valor e comprometidas com a coerência e o bom senso. Além do mais, 

Chico Xavier personifica, para a Doutrina Espírita, o "inimigo interno" previsto pelo espírito Erasto nos tempos de Allan Kardec. Só o conteúdo dos livros de Xavier, por contrariar abertamente o pensamento de Kardec, já desmerecem qualquer mérito que se tente dar ao "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.

Jesus não criou confusão. O que ele sofreu foi o misterioso ato de um discípulo, Judas Iscariotes, ser obrigado a denunciar o ativista e este ser condenado à cruz. As autoridades viam em Jesus um perigo contra os privilégios dos poderosos do Império Romano, através das conversas esclarecedoras que ele fazia com aqueles que o acolhiam.

Já Chico Xavier criou confusão. Incidentes graves, sérios, preocupantes. É impossível comparar o julgamento de Chico Xavier no caso Humberto de Campos com o (inexistente) julgamento de Jesus por Pôncio Pilatos - nenhum registro histórico apresenta este episódio e mesmo documentos que teriam sido perdidos provavelmente também não o revelariam - , porque são situações muito diferentes.

Afinal, os juízes foram até muito moles em relação ao anti-médium e foram seduzidos pela sua imagem de jovem caipira de poses inocentes, sem perceber que Chico Xavier era, na verdade, um espertalhão. Ele e o presidente da Federação "Espírita" Brasileira, Antônio Wantuil de Freitas, forjaram até uma "resposta" atribuída falsamente ao espírito de Humberto de Campos para dar seu parecer sobre o processo dos herdeiros do falecido escritor maranhense.

Nota-se mesmo que trabalhos investigativos de diversos tipos apresentam provas de fraudes e irregularidades contra Chico Xavier. Além disso, muitas de suas atividades dividiam famílias, criavam conflitos diversos, causavam muito sensacionalismo, e nunca tinham a sobriedade que se observa nos dados biográficos de Jesus que pudemos conhecer.

Jesus de Nazaré era um sujeito progressista, prudente, questionador, de moral avançada e ideias modernas. Já Chico Xavier era retrógrado, medieval, católico de crenças ortodoxas, era direitista convicto, e adepto da Teologia do Sofrimento que, no exterior, fez a Madre Teresa de Calcutá ser apelidada por seus contestadores de "anjo do inferno".

Portanto, Jesus de Nazaré pode realmente ser considerado um injustiçado, condenado porque ameaçava o poder do Império Romano. Com as conversas que ele tinha livremente com os humildes habitantes da Judeia, ele trazia conhecimentos sofisticados que poderiam fazer o povo ter condições para derrubar, a longo prazo, o poderio dos imperadores romanos.

Já Chico Xavier nunca incomodou os privilegiados. E ele sempre teve o apoio dos detentores do poder. Chico Xavier defendeu a ditadura militar, que tinha tanta sede de sangue quanto os imperadores que crucificaram Jesus. 

Chico Xavier, por sua vez, era apoiado por um império midiático que de início não foi com a cara dele, as Organizações Globo, mas hoje o "médium" e a empresa da família Marinho vivem uma eterna lua-de-mel. Portanto, Chico Xavier não pode ser considerado um injustiçado, com tanto apoio que recebeu por aqueles que justamente contribuem para as injustiças sociais que hoje existem.

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