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O discurso da humildade nem sempre quer dizer coerência

(Autor: Professor Caviar)

Existe uma mania de deslumbrados religiosos quererem juntar todas as virtudes ideológicas, como quem junta brinquedos para pô-los no seu guarda-roupa.

No caso de Francisco Cândido Xavier, seus seguidores deslumbrados, teimosos e intransigentes, apegados e obsediados pela figura ideológica do "bom velhinho", incapazes de buscar bons exemplos de progresso humano em outras fontes mais confiáveis, tentam transformar o confuso "médium" na pretensa síntese de todas as qualidades positivas humanas.

Constroem sua Torre de Babel para seu céu de vaidades místicas e politicamente corretas transformando no seu "velocino de ouro" um homem confuso e cheio de contradições que o pessoal teima em ser mantido no pedestal. Para os chiquistas, o Brasil pode até se dar muito mal, desde que o mito de Chico Xavier seja preservado intato. 

É como se uma hecatombe varresse o Brasil e só poupasse o mausoléu do "médium" em Uberaba, Minas Gerais. Mas aí não seria cumprida a tal promessa de ser "coração do mundo" e "pátria do Evangelho" que Chico Xavier trouxe a seus histéricos fãs, botando tudo na conta de Humberto de Campos, na verdade o espírito que NUNCA iria se aproximar do esperto "médium" brasileiro.

O discurso da humildade nem sempre corresponde à defesa da coerência. Nas ideologias religiosas, a ideia de humildade está voltada à servidão, submissão, obediência absoluta e crença em fantasias bonitinhas. E duas frases de Chico Xavier são pura amostra desse caráter ao mesmo tempo moralista e surreal, como vemos no trecho reproduzido da figura acima:

"A humildade não está na pobreza, não está na indigência, na penúria, na necessidade, na nudez e nem na fome. A humildade está na pessoa que, mesmo tendo o direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude compreensível no brio pessoal, apenas abençoa".

Isso é frase espírita? Não é! É uma frase absurda, que convoca o conformismo humano, à maneira que Madre Teresa de Calcutá, colega de Chico Xavier na sua adoração à Teologia do Sofrimento, e revela um igrejismo viciado, medieval, que nada tem a ver com Allan Kardec.

Além disso, Chico Xavier usou essas "lindas frases", na verdade desprovidas da verdadeira humildade, em causa própria, porque sabe que, se houver lógica, bom senso, coerência e investigação, ele sempre sairia perdendo e a Federação "Espírita" Brasileira iria à falência sem seu "grande vendedor de livros".

Ao que nos parece, "abençoar" é, no jargão católico, um dom privilegiado de padres, sacerdotes e outras figuras religiosas. É uma expressão usada por beatos para definir um misto de conformismo, gratidão e submissão. Você sofre as piores coisas da vida? Então abençoe as desgraças, os algozes e tudo o mais.

As frases de Chico Xavier são de um cinismo comparável ao que Madre Teresa de Calcutá quando definiu o sofrimento humano como um "presente de Deus". Ela mesma pediu para que "perdoássemos, perdoássemos e perdoássemos" os magnatas da Union Carbide diante daquele trágico acidente químico na localidade de Bophal, na Índia, em 1984.

Não existe coerência. Aliás, nas frases descritas acima, o próprio Chico Xavier reprovava a coerência, quando dizia que, mesmo quando há o direito de tomar qualquer atitude compreensível no brio pessoal (isto é, a própria pessoa agir de forma coerente e lógica), o melhor era "abençoar".

E ainda falam que Chico Xavier era "espírita autêntico, mas mal orientado", entre tantas asneiras feitas em favor dele (e nem falamos da monstruosamente absurda tese de que ele era reencarnação de Kardec), com essa ideia de definir "humildade" como "bênção" contraria explicitamente a finalidade lógica da Doutrina Espírita.

Então, quando intelectuais e cientistas têm direito, isto é, condições e vontade, de investigar e averiguar as coisas, melhor seria que eles apenas "abençoassem" os problemas, sem que pudessem conceber alguma avaliação à luz do Conhecimento.

E depois falam que Chico Xavier é o maior representante de uma doutrina que diz apoiar a ciência e o raciocínio científico. Assim, dessa forma contrária a essas atividades, preferindo que a mente humana "abençoe", em vez de raciocinar e pesquisar?

Muito patéticas, essas frases que muitos brasileiros emburrecidos pelo deslumbramento religioso são sem pé nem cabeça. Mas os deixa encantados, pelas fantasias bonitinhas que acreditam sob o manto da fé cega e da bondade estereotipada. Uma "bondade plena" defendida por aqueles que são incapazes de serem bondosos por conta própria.

Ser humilde é ter consciência de seus potenciais e limites, sem se achar mais do que é. Esse é que é o verdadeiro sentido de humildade, e não essas duas frases estúpidas de Chico Xavier que seus seguidores têm o descaramento de definir como "filosofia", num país sem grandes filósofos como o Brasil.

A verdade é que definir "humildade" como "ato de abençoar" é totalmente ridículo, uma coisa que não tem o menor sentido de coerência. Ela é só "coerente" por aqueles que acham que podem acumular ideias "positivas" como brinquedos amontoados.

E, dotadas do mais puro moralismo religioso, são pessoas que não querem saber de coerência, a não ser da "coerência" que só existe nas mentes crédulas tomadas pela fé cega e pelo severo moralismo social e religioso. Uma "coerência" dos próprios umbigos dos seguidores de Chico Xavier, que são ao mesmo tempo tiranos da moral e escravos da fé.

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