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"Nosso Lar" é desculpa para você continuar sofrendo

(Autor: Professor Caviar)

O "espiritismo", através da figura de Francisco Cândido Xavier, é defensor da Teologia do Sofrimento, sádica ideologia baseada no mito de que as desgraças humanas são por si um "caminho para Deus", uma tese absurda que tenta fazer crer que os sofredores é que são beneficiados.

E aí vemos que o "espiritismo" feito no Brasil segue as diretrizes do Catolicismo medieval, e a ideia do "bem sofrer" trazida por Chico Xavier revela a relação sado-masoquista que a doutrina brasileira exerce sobre seus seguidores. Daí o azar e tantas desgraças que acontecem na vida dos que entram em contato com esta "doutrina do amor e luz".

Como tudo no "espiritismo" brasileiro é herdado do Catolicismo, é de praxe a sua concepção de Inferno, Purgatório e Paraíso, feita à maneira própria, como em outros ritos e dogmas católicos que são adaptados "à luz" (ou às trevas, só para evocar o teor medieval da doutrina) do "espiritismo" brasileiro.

A partir do livro fictício Nosso Lar, arremedo de ficção científica que os "espíritas" definem como "relato verídico", Chico Xavier mostra a concepção, em teor pseudocientífico, do Paraíso católico adaptado para o "espiritismo", representado por uma suposta colônia espiritual situada sobre o Estado do Rio de Janeiro.

Deixemos de lado a noção controversa de definir a colônia Nosso Lar como um Paraíso ou Purgatório, como definem algumas fontes, tal como a ideia de que o Umbral seria o Purgatório, e não o Inferno. Para nosso questionamento, consideremos Nosso Lar como Paraíso e o Umbral como o Inferno.

Como Purgatório, podemos creditar, neste caso, o hospital que se situa na colônia, uma espécie de Unidade de Tratamento Intensivo do espírito, dentro de uma fantasia que envolve assepsia, linearidade e funcionalidade na dita colônia espiritual, um pequeno ambiente que se garante uma cura rápida, desde que o paciente tenha fé em Deus e se una na fraternidade no Cristo.

Ou seja, a ideia do Purgatório se resume numa internação. Combina-se conversão religiosa com arremedos de ciência, como é de praxe na retórica trazida por Chico Xavier. e aí cria-se um Purgatório como uma paródia de UTIs de ficção científica, combinando aspectos grosseiramente retirados da Biologia, Psicologia, Física, Química e outros ramos do Conhecimento.

No plano inferior, o Umbral é uma espécie de caverna escura com um esgoto, um misto de cracolândia com ambiente pré-histórico, que no cinema foi trabalhado como ambiente de terror misturado com coreografia performática de teatro mambembe.

No plano superior, a cidade de Nosso Lar, que tem até BRT (Aeróbus), consiste num monte de relvas verdes, cercadas de árvores, prédios imponentes e modernos - inicialmente, numa concepção arquitetônica, considerada futurista em 1943, que começou a se destacar mais na década seguinte - e alguns prédios governamentais, incluindo ministérios.

A concepção tenta combinar um arremedo de racionalidade com fantasias místicas combinadas com contos-de-fadas. Dessa maneira, a concepção do Paraíso tenta camuflar o apelo igrejista, que é fortíssimo, com uma roupagem pretensamente científica, para dar uma impressão de objetividade nas pessoas.

E tudo isso para que você possa enfrentar desgraças na vida terrena, desperdiçando seus potenciais, sendo privado da companhia dos melhores amigos, e viver a vida "qualquer nota", como, por exemplo, você querer ser pianista e guitarrista e ter que se contentar em ser um DJ de "funk".

Afinal, criando um concepção materialista e "positiva" da vida espiritual - que, na verdade, é um enigma do qual não se estabeleceu ainda uma concepção logicamente plausível, na ironia da Ciência ter conseguido pesquisar a vida pré-histórica da Terra - , as pessoas se sentem aliviadas e podem assim "sofrer em paz", na esperança de irem para um ambiente aconchegante no além-túmulo.

Nosso Lar tem lanchonete, cinema, anfiteatro ao ar livre, passarinhos voando e cantando pelas árvores, cachorrinhos e gatinhos, relva verde e molhada, BRTs indo daqui e dali, moeda corrente - os tais "bônus-hora", do qual até agora não se estimou um valor de câmbio sequer em real ou dólar - , quartos confortáveis, céu sempre azul, pessoas vestindo pijamas sempre branquinhos.

Isso tudo, na verdade, é especulação. A vida espiritual, segundo advertiu Allan Kardec, não tem qualquer semelhança com concepções terrenas e ainda é um mistério do qual não se pode arriscar um palpite de como seria viver no além-túmulo. Nosso Lar é apenas uma construção imaginária dotada dos preconceitos terrenos e das fantasias materiais de quem parece odiar a vida humana na Terra.

Sem estudos sérios sobre vida espiritual e mediunidade, o "espiritismo" se torna uma doutrina cheia de graves irregularidades. E a Teologia do Sofrimento é um de seus princípios, como se ser desgraçado fosse o mesmo que ser privilegiado. 

E aí as pessoas sofrem o pior de suas vidas, e os "espíritas", "bonzinhos", indicam que no além-túmulo tem um "ambiente melhor" para viver, e fica fácil para os incautos achar que vale a pena sofrer coisas piores porque um "lugar melhor" nos espera em "outra vida". Só que o problema é quando as pessoas falecerem e constatarem, lá, que Nosso Lar não passa de uma grande ilusão.

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