Pular para o conteúdo principal

"Movimento espírita" acha "natural" ser influenciado pelo Catolicismo

É de praxe no "movimento espírita" feito no Brasil a afirmação de que é "natural" a influência de valores da Igreja Católica na doutrina brasileira, alegando que isso "não prejudica" a essência do "espiritismo" que dizem professar.

Segundo um blogue português, "Artigos Espíritas", que segue a tendência brasileira, é "natural" que o "espiritismo" seja influenciado pelo Catolicismo porque muitos de seus integrantes "haviam sido padres e freiras nas encarnações passadas".

Observa-se que, em princípio, a "catolicização" não era problema algum para os "espíritas", por vários motivos. Há o hoje descartado entusiasmo pela figura de Jean-Baptiste Roustaing, deturpador francês da doutrina de Allan Kardec.

Há, também, a ideia das "tradições religiosas" no Brasil, que "permitem" que a "adaptação" da Doutrina Espírita considere valores da religiosidade católica vigentes no país. E, por conseguinte, há também a indagação dos membros do "movimento espírita" sobre se há "algum mal" em ser "cristão".

Mas isso causa um efeito negativo, já que a ênfase religiosa do "espiritismo" brasileiro chega a sufocar a essência do pensamento original de Allan Kardec. E isso cria, na doutrina brasileira, uma abordagem improvisada e distanciada da essência do pedagogo francês, muito bajulado e nunca estudado de maneira devida e rigorosa.

E é aí que surge a desastrosa trajetória do "movimento espírita", seja através da Federação "Espírita" Brasileira, seja através de dissidentes, seja por meio de seus astros principais, Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, todos sem qualquer compromisso real com o pensamento do professor lionês.

Chico Xavier e Divaldo Franco, pelo sucesso que fizeram entre seus seguidores e o apoio que tiveram da grande mídia, inseriram hábitos e procedimentos católicos, falavam como padres, tinham como mentores gente igrejista, e difundiam valores místicos e moralistas próprios da Igreja Católica. Só eram católicos sem batina, sem taças de ouro ou prata e sem o luxo das grandes igrejas.

Daí que o que observamos na própria maneira do "espiritismo" brasileiro trabalhar as ideias de amor e caridade é puramente influenciado pela Igreja Católica. Em muitos casos, parece campanha da CNBB, mas seus defensores afirmam que é "rigorosamente inspirado em Allan Kardec", o que vemos que é mera conversa para boi dormir. Porque está na cara que nada tem a ver com o cientificismo kardeciano, mas apelos e expressões piegas trazidas por pessoas influenciadas pelo Catolicismo.

Essa abordagem prejudica sobretudo a Ciência Espírita, cuja apreciação feita pela doutrina brasileira nunca vai além do pedantismo, do simulacro e do faz-de-conta. Nada é sério no "movimento espírita" no que se refere aos procedimentos e ideias trazidos por Kardec. Muito pelo contrário.

A maioria dos trabalhos "espíritas" apenas trabalha a mediunidade e a vida espiritual de maneira exclusivamente especulativa, fruto do "achismo" dos que primeiro preferiram Roustaing do que Kardec, mas hoje fazem falsas juras de amor ao pedagogo de Lyon.

E tudo isso temperado com as mais piegas pregações igrejistas, de forma que quem adere ao "movimento espírita" tem sempre formação católica, o que faz corromper a forma com que a Doutrina Espírita passou a ser trabalhada no Brasil, presa ao moralismo, à mistificação e ao deslumbramento religioso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um