Pular para o conteúdo principal

Chico "Zona de Conforto" Xavier

(Autor: Kardec McGuiver)

Havíamos falado em outra oportunidade que o mito de Chico Xavier é muito difícil de derrubar. Não há nem na mídia e nem nos meios acadêmicos uma pessoa com o poder de influência coletiva que possa fazer uma denúncia que possa ser levada a sério pela sociedade, com a finalidade de desmascarar esse farsante.

Xavier, além de deturpar toda uma doutrina, praticou fraudes, fez caridade apenas paliativa (embora sua mitologia fale em "caridade transformadora"), cometeu falsidade ideológica, defendeu a ditadura militar e difundiu um masoquismo ideológico que alegava que sofrer é muito bom. Enfim, o médium era de fato alguém que não fez para merecer o mínimo de respeito (ele nunca respeitou a doutrina que fingia liderar), mas é blindado como se fosse uma joia rara e muito cara.

Aqui vamos tentar entender porque Chico Xavier é tão blindado se lideranças que erraram muito menos do que ele são mais criticadas e punidas por muito pouco, enquanto o médium segue impune pelas muitos e mais diversos erros que cometeu.

Estereótipo de bondade e de sabedoria = estereótipo de perfeição

Xavier agrada porque representa o estereótipo de perfeição. Brasileiros costumam definir as coisas com base em estereótipos e o médium não foge a essa regra. Para muitos, mesmo que os resultados de sua caridade não tenham de fato acontecidos, é confortável acreditar que Xavier foi o maior filantropo do país, não porque ajudou de fato a sociedade (os muitos problemas continuam e estão até bem visíveis), mas porque representou a imagem teórica de um filantropo perfeito.

Sabe-se que para ser um filantropo perfeito, uma pessoa deve ser atuante de maneira insistente, ser capaz de usar a lógica, contestando erros e enfrentando duros obstáculos para que problemas sejam radicalmente eliminados. Chico Xavier foi assim? Claro que não! Na melhor das hipóteses, a caridade de Xavier foi apenas consoladora, tão revolucionária quanto um copo de água parada. Nada da "enxurrada de bondade" comumente e artificialmente associada à sua imagem.

Além dessa imagem artificial de caridoso perfeito, os responsáveis pela construção do mito ainda acrescentaram a ele características que sugeriam uma perfeição intelectual, mesmo contraditória ao falso analfabetismo (Xavier era assíduo leitor e escrevia bem, com redação quase perfeita) atribuído.

A ideia era transformar Xavier em um ser sobre-humano, para que pudesse ser visto como uma divindade viva e com isso ser o dono mais absoluto da verdade, angariando seguidores para a seita estranha que se construiu em torno do Espiritismo, que tem servido ara enriquecer discretamente muitas lideranças. Xavier foi a isca perfeita para seguidores incautos.

A Teologia do Sofrimento

O médium ainda tinha o hábito de estimular o que se pode chamar de Teologia do Sofrimento. Herdado do Catolicismo que o médium nunca abandonou, a Teologia do Sofrimento defende a tese de que o sofrimento (em si, não a tentativa de sair dele, o que seria mais lógico) estimularia a evolução espiritual. Esta tese não faz qualquer sentido e é baseada no mito da paixão de Cristo, outra lenda ilógica, mas consagrada pela opinião pública, majoritariamente cristã.

Xavier achava que deveríamos suportar o sofrimento calados, inertes e alegres, pois as dores seriam uma espécia de "compensação" para uma prosperidade futura. Uma prosperidade que nunca chegava, pois a lógica diz que a inércia só aumenta ainda mais o sofrimento, que só pode ser eliminado com ações que pretendam eliminá-lo. Ações que exigem racionalidade e coragem, coisas que Xavier não tinha e não estimulava as pessoas a ter.

Mesmo com a Teologia do Sofrimento, os admiradores do médium se esforçam preservar o prestígio de Xavier, procurando em vão por explicações pseudo-lógicas que justifiquem a tese por ele lançada. mesmo que estas justificativas também na façam  menor sentido, o importante é preservar o mito do adorado médium, a Zona de Conforto em forma de ser humano.

É costume de todos nós personalizarmos as coisas. Uma ideia precisa estar associada a uma pessoa para ter valor. A noção de divindade é baseada nisso, pois não conseguimos imaginar um universo sem  controle e uma pessoa que damos o nome de Deus. E por isso mesmo, Chico Xavier é o personagem perfeito para personalizar uma caridade estereotipada.

Uma caridade que, mesmo inerte e ineficaz, apenas consoladora como um copinho de água com açúcar, representa a imagem de bom-mocismo que a sociedade está acostumada a ver em novelas e filmes. Xavier soa como um super herói real a habitar o imaginário da coletividade ainda bastante infantilizada.  E é este super-herói que as pessoas preferem proteger, o que justifica tanto policiamento feito para proteger o médium charlatão e filantropo medíocre.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um