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Chico Xavier era um leitor frequente de livros

(Comentário de Kardec McGuiver): Chico Xavier, mesmo tendo realmente psicografado vários (não todos) livros, ele era um leitor assíduo de várias obras diversas. Seus aposentos sempre tinham estantes com muitos livros. A entrevista no Pinga Fogo mostra que Xavier era inteligente, sabia falar, longe da fama de "analfabeto" que querem construir em cima dele. Mesmo quando psicografava, Xavier mostrava que sabia o que estava escrevendo. Só não sabia da natureza dos espíritos que andavam com ele.

Aliás, os defensores da mitologia de Xavier sempre são incoerentes e contraditórios ao escreverem e falarem textos longos em sua defesa. Porque não estudam detalhadamente Kardec, sobretudo o Livro dos Médiuns e confrontem com as obras assinadas por Xavier, provando o fato real de que ele era um médium fascinado por espíritos mentirosos e arrogantes?

A Leitura de Chico Xavier

Blogue Obras Psicografadas

Este artigo busca analisar possíveis evidências de que, ao contrário do que se acredita, Chico Xavier na verdade seria um leitor compulsivo, com boa educação.

Introdução

Após a apresentação de minhas pesquisas para o público, tenho recebido algumas críticas afirmando que o médium Chico Xavier, nascido em 1910, só tinha cursado o primário, e não teria instrução para escrever todos os mais de 400 livros ditos “psicografados”. Além da falta de instrução, a falta de tempo para leitura seria outro empecilho. Analisemos primeiramente a questão do nível de instrução.

Em primeiro lugar, o primário de hoje não é o mesmo primário da década de 1910, 20 e 30. Recebi informações interessantíssimas do Professor Albino C. de Novaes por email nesse sentido. Eis o que ele me disse:

“Sou professor há 40 anos. Tenho acompanhado a história do sistema de ensino no Brasil e as sucessivas reformas que ocorreram desde o período do reinado. Tenho muitos livros do curso primário da década de 20, sendo assim possível comparar seu conteúdo com os livros que temos hoje. Meu pai também fez o primário praticamente na mesma época do Chico e exibia uma cultura geral muito boa, principalmente no que se refere à ciência e aos “conhecimentos gerais” – uma disciplina que envolvia história, geografia e civismo. Os livros de ciência apresentavam um excelente conteúdo de física, química, botânica, biologia, geologia, mineralogia, em um nível que somente vamos encontrar no atual ensino médio. Tenho aqui um livro de Matemática da 5ª série ginasial, que ensina os fundamentos do cálculo diferencial e integral, hoje somente encontrado no ensino de nível superior. Havia na mesma época uma coleção conhecida como “Tesouro da Juventude” editada em 36 volumes – uma enciclopédia muito completa e que trazia aspectos do conhecimento humano excelentes para aquela época. Ainda existe hoje, numa versão moderna, mas com um preço proibitivo. Acompanhando alguns livros do Chico, percebi algumas idéias extraídas dessa coleção. Resumindo: conversando com pessoas que viveram na mesma época do Chico é fácil avaliar o conhecimento que tinham com uma escolaridade que não ultrapassa o primário. O ensino hoje é muito ruim, as facilidades dadas aos alunos são muitas e os conselhos de classes, quase sempre empurram os alunos para a série seguinte sem que eles tenham alcançado o mínimo exigido para a aprendizagem. Chegam ao ensino médio sem que tenham sido alfabetizados de forma completa: conseguem apenas identificar as palavras sem que conheçam os significados. Isto não ocorria no tempo do Chico.”

Lembro que Chico começou a cursar o primário no Grupo Escolar São José em 1919, terminando-o 4 anos depois, em 1923, tendo repetido a quarta série, não por falta de estudo, mas de saúde. Tinha, portanto, um nível de cultura bem próximo ao do ensino médio de hoje.

Passemos agora a analisar a questão de falta de tempo para leitura. Durante o período escolar, Chico dividia seu tempo com o trabalho, exercendo a função de tecelão aos 9 anos. Entrava às 3h da tarde na fábrica, saía à 1h da manhã, dormia até as 6h, ia para a escola, saía às 11h, almoçava, dormia uma hora depois do almoço, e entrava de novo na fábrica.

Em 1924, Chico começou a trabalhar no Bar do Dove, de Claudomiro Rocha. Varria o chão e lavava a louça. Após 2 anos, mudou-se para o armazém de José Felizardo Sobrinho, onde cortava o toucinho, lingüiça, pesava o arroz e arrumava as prateleiras, além de vender cachaça, isso das 6h30 da manhã às 8h da noite. Também passava seu tempo acompanhando procissões e indo à missa.

Pouco depois, em 1927, teve seu primeiro contato com o espiritismo, e em 21 de junho de 1927 fundava o primeiro centro espírita da cidade, batizado de Centro Espírita Luiz Gonzaga, tornando-se secretário. Em 29 de outubro de 1928, o Centro mudou de endereço, saindo do barracão de José Xavier (um irmão do próprio Chico) e indo para uma sala alugada na casa de José Felizardo Sobrinho, que foi o marido da madrinha de Chico, Rita de Cássia , já falecida nesse tempo. Às segundas, quartas e sextas-feiras, ocorriam sessões públicas de estudo e divulgação da doutrina espírita. Às quintas, realizavam-se sessões privadas e de caridade.

Vemos, portanto, que Chico tinha algum tempo livre terça, sábado e domingo, sendo que seu primeiro livro “Parnaso de Além Túmulo” só foi lançado pela FEB em 1932. Portanto, temos pelo menos um espaço de 4 anos em que Chico poderia ter dedicado algumas horas em 3 dias da semana à leitura.

E qual era a velocidade de leitura de Chico? Muito alta. No texto “Chico Xavier, Detetive do Além”, de autoria de David Nasser com foto de Jean Manzon, publicada em “O Cruzeiro” de 12 de agosto de 1944, o jornalista informa que um amigo de Chico, oriundo do Rio, que por vezes chegava a passar semanas com o médium, informa sobre o médium:

“Gosto de falar com ele. É um rapaz de cultura. Discute vários assuntos, lê um pouco de inglês e de francês. Devora os livros com fúria. Trouxe-lhe, há dias, “O homem, esse desconhecido” e ele não gastou mais de quatro horas e meia para ler o volume gordo. É um prazer para ele. Seu único amor é o espiritismo”.

E há alguma evidência de que Chico teria vários livros à disposição? Sim. Nessa mesma reportagem, descreve-se o ambiente de Chico durante a entrevista:

“Numa estante, os livros de Chico. Versos de Guerra Junqueiro, Tolstoi e uma porção de autores mortos. [...] Vamos atravessando a sala e entramos num dos quartos. Na parede, prateleiras repletas de livros. Remédios à base de homeopatia, que Chico recomenda. Não sei porque os espíritos manifestam estranha aversão pela alopatia e suas drogas, receitando sempre combinações homeopáticas. Perto dos vidros, um armário cheio de livros. As obras de guerra conta a Santa Sé, assinadas por Guerra Junqueiro, ainda em vida. Os livros de Flammarion e de Allan Kardec, mas não os psicografados, misturados com volumes de propaganda anticlerical.”

E Chico, durante os anos de sua mediunidade, continuou lendo? Sim. No livro de Marcel Souto Maior, “As Vidas de Chico Xavier”, relata-se:

“Outro dos amigos de Chico, Clóvis Tavares, também levou um susto quando Chico lhe pediu, tímido, em meio a uma caminhada:

Nosso querido Emmanuel está me dizendo que você tem lido Charles Wagner. Ele lhe pede que me empreste algum livro desse autor. Diz que eu preciso conhecê-lo.

Como ele conhecia aquele detalhe? Os livros estavam em Campos…”

E Chico copiava trechos dos livros de sua biblioteca particular? Sim. Mais uma vez, Marcel Souto maior informa, desta vez sobre a reportagem de David Nasser:

“Chico, na gravura, aparece copiando trechos de livros que mais lhe agradam.”

Conclusão

Há vastas evidências de que Chico não só tinha excelente ensino, como tinha tempo para a leitura, muito livros, e de fato lia-os numa velocidade espantosa e tinha o hábito de copiar trechos que mais lhe agradavam.

Devo dizer que poderia ter acrescentado algumas outras fontes contendo alguns episódios sobre a vida de Chico Xavier – como o de que ele teria tido uma professora particular por um ano logo após ter terminado o primário – mas preferi apenas usar de fontes julgadas mais confiáveis pelos espíritas para a feitura deste artigo.

Agradecimentos

Agradeço imensamente ao Professor Albino C. de Novaes pelas informações prestadas.

Bibliografia

As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior, Editora Planeta (2003) (utilizou-se versão digital disponível até o dia 02/09/2007 em http://www.bitebook.com.br/26032002/00872.pdf )

Chico Xavier, Detetive do Além (O Cruzeiro, de 12 de agosto de 1944) (até o dia 02/09/2007 disponível online em http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/12081944/chico.htm)

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