(Autor: Kardec McGuiver)
A prisão de vários dirigentes da FIFA, incluindo muitos membros da cúpula da CBF, pôs o futebol mundial em cheque. Para o Brasil, país em que o futebol não é considerado apenas uma diversão e sim uma obrigação social e até cívica, esse fato acabou revelando como verdadeiras coisas que só quem não curte futebol sabia, estragando de vez a linda mitologia futebolística presente na mente dos torcedores.
Na verdade, toda esta corrupção do futebol é muito mais antiga do que possa parecer. Ela já nasceu junto a sua profissionalização. Começou logo quando o futebol começou a fazer dinheiro. Muito dinheiro.
E mais: a fama que os brasileiros conhecem do futebol como identidade brasileira foi criada na década de 50 por João Havelange, quando ele foi dirigente da então CBD (atual CBF) e fortalecida com a eleição dele para a presidência da FIFA. Do contrário que 90% dos brasileiros acreditam, não foi naturalmente que o futebol brasileiros ganhou fama e popularidade. Ou seja, o mito da "pátria de chuteiras" é uma farsa.
Mas infelizmente é uma fama que se arraigou na sociedade brasileira. E quase como um dogma religioso, algo que pode ser provado como absurdo, mas que o conformismo coletivo toma como verdadeiro. E nada melhor que uma seita religiosa tirasse proveito disso.
"Espiritismo" brasileiro abraçou o futebol
Contrariando todas as recomendações kardecianas que diz que espíritos superiores não se ocupam com futilidades, os "espíritas" brasileiros abraçaram o futebol, considerando-o não como um esporte mas como um catalizador da confraternização dos povos. O futebol passou a ser visto como um elemento de união entre as pessoas, baseada na falsa e utópica unanimidade atribuída a modalidade.
Sim, porque o futebol não é unânime e isso tem incomodado bastante quem curte futebol, crente na "saudável" unanimidade. A unanimidade dava uma ilusão de naturalidade ao gosto pelo futebol, como se "estivesse no sangue", como se o brasileiro já nascesse gostando de futebol. Crença que faz com que muitos pais já forcem praticamente desde o berço, o gosto dos filhos pela modalidade.
E essa suposta naturalidade que criou o mito de unanimidade foi obviamente apoiada pela FEB, pelos seus seguidores, pelos seus mitos e atá pelos dissidentes. O futebol - que se não causa prejuízos sociais diretos, estimula a anestesia cerebral, fazendo com que o brasileiro se torne incapaz de resolver problemas, preferindo usar o lazer futebolístico como fuga - veio com um formidável meio de propaganda do "Espiritismo" brasileiro.
A fama de confraternizador universal ajudou a criar um mito de que o futebol, uma mera brincadeirinha a ser ignorada pela espiritualidade superior, seria uma forma de oficializar o Brasil como liderança mundial. Uma piada sem graça que a prática cotidiana mostra ser impossível de acontecer.
Futebol, alavanca de "evolução" para o Brasil
O futebol foi e é muito importante para a FEB. Maior zona de conforto dos brasileiros, o futebol anestesia e faz com que os brasileiros sejam submissos, fazendo de tudo para manter seu fanatismo futebolístico. No Brasil, futebol é sempre prioridade e torcedores nunca esta dispostos a adiar seu fútil prazer em troca de coisas realmente mais importantes. Até mesmo cônjuges, amigos e parentes, não conseguem ser mais amados pelos torcedores do que times de futebol, pra se ter uma ideia dessa priorização.
E legal que o fanatismo religioso se una ao fanatismo futebolístico. Pensam os tolos que os "deuses da bola" (os jogadores) fazem o que os "deuses do céu" exigem: chutar uma bolinha em uma rede. Isso mesmo. O simples ato de colocar um objeto esférico de borracha em uma rede presa a um aro retangular é superestimado pelos brasileiros, como se destino da nação dependesse da entrada dessa bolinha. Mais tolo, impossível.
Para piorar ainda mais a associação dos dois tipos de fanatismo, dois fatos ajudaram a solidificar o futebol como "alavanca" para que o Brasil pudesse se tornar "coração do mundo": a morte de Chico Xavier e uma suposta mensagem de "José do Patrocínio", esta de alto conteúdo igrejista, indo cotra ao Espiritismo verdadeiro e à personalidade dessa figura histórica.
Chico Xavier morreu pelo futebol
Chico Xavier é o maior mito já criado no Brasil. Cidadão pacato e ingênuo, foi alçado a um ser sobre-humano e dotado de supostas qualidades inimagináveis, quase como um semi-deus. Muita gente ainda acredita no falso mito de perfeição do médium, ignorando que muito do que se fala nele nunca foi posto realente em prática e muito menos transformou a sociedade brasileira.
E disse ele muitos anos antes que iria morrer no dia em que "os brasileiros estivesse muito felizes" para que - supostamente - não chorassem a sua morte. E de forma muito estranha, morreu no da da conquista fraudulenta da Copa de 2002, uma Copa que favoreceu desonestamente a "seleção" desde as eliminatórias que quase impediram os jogadores da camisa amarela de serem classificados. Roubo do início ao fim.
E claro que o médium que participou de fraudes e que representou a construção de um falso, mas poderoso mito, tinha que estar do lado de um esporte conhecido por fraudes e poderosa mitologia.
Xavier reforçou a mitologia futebolística fazendo os incautos crerem que o futebol faz parte dos planos da espiritualidade superior quando na verdade espíritos sérios nunca se ocupam com supérfluos. Achar que o futebol é importante para a espiritualidade superior é o mesmo que achar que a brincadeira de amarelinha é de importante interesse para a paz mundial.
Copa no Brasil "confirma" "profecia" de Chico Xavier
Pouco antes da copa de futebol, uma mensagem supostamente atribuída a José do Patrocínio em uma duvidosa psicofonia anunciava a Copa de 2014 como uma espécie de "marco" a "entregar oficialmente" o país para a liderança mundial.
A mensagem tinha conteúdo altamente religioso (nos padrões do Catolicismo enrustido da FEB) e destoava dos traços de personalidade da famosa figura da História brasileira, o que leva a crer se tratar e outra farsa. Uma forma da FEB puxar o saco da CBF para angariar privilégios, além de gerar um falso otimismo que agora, finado o evento, se mostrou uma baita mentira.
O que se vê é um país e crise, longe de se tornar uma liderança, onde a altíssima religiosidade não consegue impedir uma onda de ódio extremo, além de mostrar cada vez mais que o Brasil tem uma sociedade incapaz de resolver seus problemas, indo contra qualquer mitologia construída por este "Espiritismo" pirata, muito mais interessado em embalsamar mitos do que trazer esperança real para a sociedade brasileira, que tolamente continua a acreditar em seu falsos ídolos, seja da religião, seja do futebol.
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