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O Analfabetismo Doutrinário dos Espiritas

(Autor: Francisco Amado)

Eu já conheço “a verdade”, pra que perder tempo com “a mentira”?

O que travou a evolução do pensamento filosófico e científico por quase mil anos na história da humanidade foi esta falácia.

Exatamente o tipo de pensamento que tem estagnado o desenvolvimento da doutrina espirita em bases racionais.

Se na Idade Média, o pensamento filosófico estava escravizado pela tutoria da Igreja Católica hoje o espiritismo esta escravizado pelo que dita Chico Xavier e suas fantasias mediúnicas.

A maioria descarta um aprofundamento nos estudos da base doutrinaria, porque para estes “a verdade” já foi revelada através das obras de André Luiz que do alto da sua sabedoria conta como funciona o plano espiritual.

Ora, se o espirita já esta de posse da verdade, que lhe foi revelada diretamente do nosso lar, por que perder tempo filosofando?

Mas é preciso levar em conta algo que é não é avaliado no Movimento Espírita Brasileiro, que se gaba de ser aquele que mais lê que mais compra livro e que têm o maior índice de grau de escolaridade.

Uma pesquisa no meio espírita que indique o índice de analfabetismo funcional.

Se o espírita lê tanto, porque não consegue compreender a Doutrina Espírita por um mesmo prisma?

Buscam-se de preferência romances, isso pode explicar a dificuldade que tem de compreender textos que exigem o discernimento.

O livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, por exemplo, é uma amostra bastante significativa do nível de analfabetismo funcional então reinante no Movimento Espírita Brasileiro, uma vez que o livro além de ser uma violência à inteligência humana atinge apenas o emocional e ainda e crivado de erros.

Apenas um exemplo:

• Pág.31: Os naturais os recebem como irmãos muito amados. A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra, eles a ouvem com veneração e humildade. Qualquer aluno do ensino fundamental sabe que nem nos melhores sonhos portugueses da época foi assim os contatos entre europeus e nativos. Outro detalhe: como os nativos ouviriam palavras religiosas com veneração e humildade se eles simplesmente não entendiam uma só palavra?
Para saber mais faça sua pesquisa e se puder leia o livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (SIC)*
O grande problema é que com isso vamos repetindo o passado, a grande maioria de pessoas que chegam à doutrina vem de leituras de romances mediúnicos e para estes ali esta a verdade, portanto para estes é Kardec que tem que se submeter ao que revela o espírito X e não ao contrário, e como eles já estão de posse da verdade, pra que perder tempo com “a mentira”?
São os modernizadores que questionam porque deveríamos ficar estagnados as revelações de mais de 150 anos atrás, e pensam estar refutando Kardec, sem terem lido, estudado, analisado e esmiuçado o LM, LE, O Que é o Espiritismo a Revista Espírita entre outros.
Ou seja, porque perder tempo filosofando se eu já sei a verdade? Para estes o fato de fulano ou cicrano, o médium x ou y já terem refutado esta visão é suficiente.

Mas estes argumentos cometem à boa e velha falácia ad verecundiam, isso é, o “apelo à autoridade.” Ou seja, acredita-se em uma determinada posição não por causa de sua correspondência à realidade ou pela força de suas premissas que levam a uma conclusão lógica inevitável, mas por causa de uma autoridade qualquer que diz que deve ser de tal e qual modo.

Foi por argumentos assim que por tanto tempo a humanidade acreditou que era o Sol que girava em torno da Terra, e não o contrário. As “autoridades” diziam isso, apesar de pensadores da corrente “não oficial” já terem descoberto o contrário.

Acredita-se às vezes que determinado pensador foi “refutado” simplesmente porque existem críticas à sua obra. Mas como saber se as críticas são procedentes se eu não conheço o pensamento criticado?

Como saber se o crítico está expondo corretamente o pensamento do seu opositor?

A metodologia esta explicita e em implícita na obra de Kardec.

As comunidades nas redes sociais como Orkut e facebook mostram de forma clara e indiscutível no que se transformou o espiritismo, mais uma seita de seguidores fanatizados que não aceitam debater os livros deste ou daquele médium.

Algumas pessoas justificam afirmando “Eu jamais me darei o direito de contestar Chico Xavier, pois o que ele é hoje, nós teremos muito ainda a trilhar para alcançar.”.

Hora isso não é aplicar a metodologia de Kardec, e ai basta consultar o ESE na introdução, onde encontramos a seguinte recomendação.

“O primeiro controle é, sem sombra de dúvida, o da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos.”

A verdade é que quando não existe questionamento e crítica, quando não há debate transparente, certamente haverá dominação, ignorância, apatia e graves entraves à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade.

Em quanto espiritólicos alimentarem o pensamento que já conhecem a verdade, eles jamais vão perder seu tempo com a mentira.

E verdade para eles consiste em ônibus no plano espiritual, cigarro, sucos de laranjas, compra e venda de casas, sala de banho, flechas magnéticas, gravidez espiritual, gatos e espiões no umbral.

É todo um mundo maravilhoso da fantasia mediúnica, pois façam bom proveito enquanto eu me engano com a realidade.

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* NOTAS DESTE BLOGUE: 

NOTA 1:O livro sugerido pelo autor do texto, "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", é outra farsa, escrita por um capitalista de carteirinha que deturpou a história brasileira, colocando mitos no lugar de mitos, interessado em contar a História do Brasil do ponto de vista do capitalismo moderno, fazendo praticamente a mesmo tipo de alteração histórica feita por Xavier em "Brasil , Coração do Mundo". Não recomendo este livro, sendo o único ponto discordante deste texto escrito por Assis, que na política segue a linha capitalista.

NOTA 2: O estrago feito pelos chiquistas no movimento espírita foi avassalador. Tanto que está sendo quase impossível consertar. Ainda bem que temos a internet, o meio de comunicação mais democrático que existe, para tentarmos esclarecer essas mentes infantis que acreditam nos contos de fadas escritos nos livros do titio Chico. Está mais do que na hora dos espíritas brasileiros amadurecerem e esquecerem esses médiuns e seus espíritos de religiões forasteiras que vivem ditando normas que não combinam com a doutrina codificada por Allan Kardec.

Com certeza, o que vemos no Brasil não é Espiritismo e sim um autêntico Chiquismo, temperado com muito catolicismo, muito orientalismo e uma pitadinha de neo-pentecostalismo. Os supostos espíritas brasileiros assumem um rótulo que não os pertence.

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